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Resposta do governo do Líbano ao covid-19 cria risco de fome, afirma HRW

Homem busca alimento nas ruas do Líbano, em 11 de novembro de 2019 [Ibrahim Chalhoub/AFP/Getty Images]

Um relatório da organização não governamental internacional Observatório de Direitos Humanos (HRW) no Líbano denunciou que falhas graves no sistema de proteção social do país resultaram em milhões de pessoas sob risco de fome, diante do isolamento causado pelo novo coronavírus.

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O documento afirma que as medidas para combater a propagação da doença, postas em exercício desde 15 de março, exacerbaram efeitos da atual crise econômica e financeira sobre famílias de baixa renda.

Lena Simet, pesquisadora sênior do HRW sobre desigualdade e pobreza, afirmou: “O isolamento destinado a desacelerar o contágio do covid-19 agravou a pobreza e as dificuldades econômicas flagrantes no Líbano mesmo antes da chegada do vírus.”

Prosseguiu: “Muitas pessoas perderam renda e, caso o governo não se apresente [para ajudá-las], mais da metade da população poderá não ser capaz de pagar por comida e necessidades básicas.”

Em 1° de abril, o gabinete do governo libanês anunciou planos para distribuir 400.000 libras libanesas (US$150) às famílias mais pobres, mas não concedeu detalhes sobre o programa. Uma semana antes, o governo havia prometido um pacote no valor aproximado de US$28 milhões, destinado a assistência nutricional e sanitária; contudo, novamente sem detalhes.

Apesar das promessas, segundo o HRW e ativistas, nenhuma auxílio de fato se materializou. O relatório reitera que a demora de resposta para conceder a tão necessária assistência social à população deixou os mais vulneráveis incapazes de arcar com necessidades fundamentais.

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Nas semanas recentes, certa indignação cresceu em diversos núcleos da sociedade do Líbano. Em 24 de março, um taxista pôs fogo no próprio carro ao receber uma multa das forças de segurança por desrespeitar as ordens de isolamento. Um vendedor ambulante em Trípoli atirou seus produtos na rua após policiais fecharem seu pequeno negócio. Motoristas de vans de passageiros bloquearam a rodovia Beirute-Trípoli ao menos duas vezes em meados de março, após o governo outorgar proibição de suas operações.

Em novembro de 2019, antes mesmo da pandemia de coronavírus, o Banco Mundial estimava que 45% da população do Líbano vivia abaixo da linha da pobreza, um aumento significativo desde setembro do mesmo ano (33%). Na ocasião, os dados do órgão financeiro internacional previam até 50% da população em condições de pobreza para o ano de 2020.

“A abatida população do Líbano está no limite … o governo precisa rapidamente desenvolver um programa de assistência que proteja os direitos das pessoas e lhes conceda acesso a recursos necessários para sobreviver à crise”, concluiu Simet.

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