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Refugiados sírios no Líbano recebem ordem para demolir suas próprias casas

Crianças sírias em um campo de refugiados em Beirute, Líbano, 21 de março de 2017 [Ratib Al Safadi/Agência Anadolu]

Milhares de refugiados sírios em uma região remota e montanhosa do noroeste do Líbano receberam ordens para demolir suas casas a partir de 1° de julho, sob alegação de serem “ilegais”, conforme noticiado pela rede de notícias France 24.

Até 25.000 refugiados sírios na cidade de Arsal, não muito distante da Síria, podem ser afetados. Há receio de que até 15.000 crianças estejam sob risco de ficarem desabrigadas. Com tais estimativas, grupos de direitos humanos reivindicaram que o governo não prossiga com o plano.

A ação surge no contexto de uma série de movimentos políticos de autoridades libanesas a fim de forçar uma proibição à construção de residências “permanentes” nos campos de refugiados, sob receio de que se tornem assentamentos permanentes.

As famílias serão transferidas a acomodações temporárias de plástico. Os refugiados temem que este tipo de instalação possa ser mortal, em particular durante os invernos congelantes e os verões escaldantes do Líbano. No verão, a temperatura no país chega a 45° C.

O governo ordenou que todos os abrigos de refugiados construídos com materiais senão madeira e chapas de plástico sejam demolidos.

O chefe da municipalidade de Arsal, Bassel Hojeiry, relatou à ABC News que: “[As autoridades libanesas] pressionam os sírios para que eles não cogitem se estabelecer no país.” E acrescentou: “Também têm o objetivo de empurrar adiante o reassentamento dos sírios na Síria, na Europa ou qualquer outro lugar.”

Cerca de 1.5 milhões de refugiados sírios vivem atualmente no Líbano, cuja população total é de 6 milhões de habitante, embora 74 por cento deste índice ainda não possua status legal.

Recentemente, a Anistia Internacional revelou e alertou para políticas sistemáticas utilizadas por autoridades libanesas a fim de expulsar os refugiados sírios do país, incluindo incursões repressivas, toque de recolher e deportação de refugiados registrados, a fim de tornar sua vida insustentável.

Os políticos libaneses já demandaram mais de uma vez que os refugiados sírios voltem para seu país, ao culpá-los pelos seus próprios problemas econômicos.

No início da semana, Naji Hayek, o ex-membro da Milícia Tigres, reiterou tais exigências sob alegação de que os refugiados “exploram o Líbano e seu povo” e alertou que os sírios “destruirão o país da mesma forma que os palestinos fizeram.”

As medidas libanesas ecoam por toda a região, como visto mais recentemente no Egito, quando o advogado egípcio Samir Sabry exigiu do governo o estabelecimento de novas leis de vigilância contra empresários e comerciantes sírios a fim de processá-los por financiar “hostilidades” e “terrorismo”.

Atualmente, há cerca de 130.000 refugiados sírios no Egito, embora não residam em campos.

Retornar não é uma alternativa para muitos, pois temem perseguição, tortura e assassinato na Síria. Ao forçar sua expulsão, as autoridades libanesas se colocam numa posição de ruptura com sua obrigação de não retornar os refugiados a um local de risco.

Por mais de um mês, mais de três milhões de sírios residentes em Idlib sofreram uma série de ataques por terra e ar, que resultou na destruição de hospitais, escolas e prédios de infraestrutura e deflagrou uma nova onda de refugiados para fora do país.

Mais de 600.000 sírios foram mortos desde 2011 e mais da metade da população do país foi deslocada.

  • A população do Líbano é composta por
  1. 25% refugiados sírios
  2. 10% refugiados palestinos
  • Número de crianças fora da escola
  1. 20% de todas as crianças
  2. 56% das crianças não-libanesas
  • 488.832 crianças* estão fora do sistema educacional
  • (crianças em idade escolar, não-libanesas (Das quais)):
  1. 129.697 entre 3-6 anos de idade
  2. 301.466 entre 6-15 anos de idade
  3. 57.669 entre 15-18 anos de idade

 

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