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Neto de Mandela diz que a África do Sul é um exemplo para os palestinos

Chefe Mandla Mandela, neto do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, une-se a centenas de manifestantes em uma marcha pró-palestina de distintos grupos religiosos e da sociedade civil, durante o mês sagrado do Ramadã, em Durban, no dia 2 de junho de 2018, para protestar contra as ações de Israel durante as manifestações palestinas e a violência nos territórios palestinos [Rajesh Jantilal/AFP/Getty Images]

O neto do icônico e já falecido líder sul-africano, Nelson Mandela, sugeriu aos palestinos que sigam os passos dos sul-africanos na luta contra o estado de “apartheid” de Israel.

Em entrevista exclusiva à Agência Anadolu, Mandla Mandela lembrou que os sul-africanos viveram durante décadas sob o regime do apartheid em seu país. “No entanto, fomos capazes de derrotá-lo,” declarou, atribuindo a vitória ao que descreveu como “a unidade interna contra o regime do apartheid”.

“Tivemos que unir nossas fileiras para abraçar todas as pessoas oprimidas da África do Sul, indo além das divisões nacionais e diferenças de gênero,” disse Mandela. “Fomos capazes de falar em uma só voz… A opressão nos compeliu a sermos eficazes em nossas estratégias.”

A África do Sul estabeleceu relações diplomáticas com a Palestina em 1995 – um ano após o fim do governo de minoria branca. Desde então, Pretória continua amplamente crítica em relação aos contínuos maus tratos israelenses contra os palestinos, incluindo sua política estabelecida de construção de assentamentos judaicos ilegais em terras árabes na Cisjordânia ocupada.

Embaixadores ativos

Mandela afirmou que os sul-africanos que viviam no exterior durante o regime de apartheid eram “embaixadores ativos da nossa luta pela libertação… Eles se mobilizaram e trabalharam duro para conscientizar o mundo sobre a brutalidade e as atrocidades cometidas contra a população vulnerável da África do Sul”.

Ele explicou que tais esforços ajudaram a atrair apoio global e desencadear campanhas de solidariedade com a causa dos sul-africanos. Segundo Mandela, uma das ações mais eficazes foi a campanha Release Mandela (Liberte Mandela), que visava libertar todos os presos políticos da África do Sul.

Apartheid ainda existe – cartum [Sabaaneh/Middle East Monitor]

Também citou o Movimento Anti-Apartheid, que resultou no lançamento de campanhas pró-África do Sul em todo o mundo. “Na época, tais ações culminaram na organização de boicotes a produtos vindos da África do Sul e a qualquer atividade esportiva no país,” relatou Mandela.

Segundo ele, esse movimento, também foi capaz de “pressionar os governos a impor sanções à África do Sul. Todas essas iniciativas levaram ao colapso do regime do apartheid sul-africano.”

Mandela acredita que a luta sul-africana contra o governo das minorias brancas poderia ser um modelo para os palestinos, que resistem há décadas à ocupação israelense. “Hoje, testemunhamos a face hedionda do regime do apartheid em Israel… Reafirmamos ao mundo que, como fomos capazes de derrotar o regime do apartheid na África do Sul, poderemos fazer o mesmo com o regime do apartheid em Israel.”

Mandela fez um apelo a todos os grupos políticos da Palestina para que deem as mãos e se unam contra a ocupação israelense. “Pedimos a união dos palestinos,” reiterou. “É preciso parar de ver uns aos outros por perspectivas partidárias; ao contrário, é preciso que se unam.”

Ele pediu aos palestinos da diáspora que desempenhem um papel ativo em expor as atrocidades cometidas contra os palestinos em sua terra natal. “Os seis milhões de palestinos que vivem no exílio podem se tornar embaixadores eficazes para promover o apoio a sua causa ao redor de todo o mundo.”

Sugeriu também que os palestinos façam uso das resoluções da ONU que criminalizam o apartheid. “O apartheid é um crime global e é nosso papel expor sua crueldade, particularmente em Israel, levando-o a todos os tipos de tribunais [internacionais]”, declarou.

Ele também reivindicou que a África do Sul utilize seu assento no Conselho de Segurança da ONU para tornar-se “porta-voz das populações silenciadas e, portanto, divulgar a autodeterminação da Palestina.”

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