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Israel usa menina palestina como escudo humano durante ataque a Jenin

Soldados israelenses usaram uma menina palestina de 16 anos como escudo humano ao colocá-la em frente de um veículo militar

Tropas israelenses usaram uma menina palestina de 16 anos como escudo humano ao forçá-la a permanecer na frente de um veículo militar, durante invasão na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, na última semana.

O relato foi confirmado pela organização Defesa Internacional da Infância – Palestina (DCIP), que documenta abusos de direitos humanos e concede assistência legal a menores de idade alvejados pelo estado de apartheid.

Soldados obrigaram Ahed Mohammad Rida Mereb, de 16 anos, a servir de escudo humano durante uma troca de tiros, em torno das 8 horas da manhã de 13 de maio, no bairro de Al Hadaf, em Jenin.

Segundo a entidade de direitos humanos, Ahed foi coagida a permanecer do lado de fora do veículo militar por cerca de duas horas.

“A lei internacional é explícita e proíbe absolutamente o uso de crianças como escudo humano por forças ou grupos armados”, reafirmou Ayed Abu Eqtaish, diretor do programa de justiça da DCIP. “Soldados deliberadamente colocaram uma criança em grave perigo para se protegerem, o que constitui crime de guerra”.

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Conforme o relato, forças da ocupação invadiram a residência de Ahed às 6 horas da manhã, para prender seu irmão de 20 anos. Então, ordenaram a jovem, seus pais e seus dois irmãos mais novos a saírem da casa em direção a um terreno baldio do outro lado da rua.

Em seguida, soldados abriram fogo contra o irmão mais velho de Ahed, que continuou dentro da residência. Em torno das 8 horas, atiradores palestinos dispararam contra o veículo militar, quando as tropas israelenses obrigaram Ahed a servir de escudo humano.

“As balas voavam de todas as direções. Eu tremia e chorava e gritava para que os soldados me deixassem ir porque as balas voavam sobre minha cabeça”, declarou Ahed ao DCIP. “Então um dos soldados me disse em árabe, de uma janelinha no carro blindado, ‘Fique onde está, não se mexa. Você é uma terrorista. Fique onde está e diga adeus a seu irmão’”.

Ahed tentou abaixar a cabeça para desviar dos disparos, mas um dos soldados a ordenou que ficasse reta e imóvel por duas horas, quando afinal pôde correr a uma árvore próxima e então desmaiou, segundo informações coletadas pelo DCIP.

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Após evacuar o sobrado no qual morava Ahed, as tropas da ocupação o bombardearam com granadas, em mais outro exemplo da política de punição coletiva imposta ao povo palestino.

A punição coletiva é uma herança do Mandato Britânico e representa uma das medidas mais extremas adotadas pela colonização sionista contra a população nativa. Após Israel estender sua ocupação a Jerusalém Oriental e Cisjordânia, em 1967, a punição coletiva tornou-se uma prática cotidiana, sobretudo com a demolição de casas.

Por definição, a política adotada por Tel Aviv tem como objetivo punir pessoas inocentes, mas que possuem algum parentesco ou relação com eventuais suspeitos de ataques a soldados ou colonos israelenses.

Ahed foi levada por um veículo particular ao Hospital de Jenin, onde recebeu tratamento para estresse pós-traumático e baixa oxigenação. Seu irmão foi detido.

Desde 2000, a DCIP documentou 26 incidentes nos quais crianças palestinas foram utilizadas como escudo humano por tropas da ocupação. O uso de civis como proteção em situação de conflito é proibido pela lei internacional. A prática é também teoricamente proscrita por uma decisão da Suprema Corte de Israel promulgada em 2005.

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