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Palestina alerta para colapso fiscal, a menos que Israel libere recursos tributários

23 de setembro de 2021, às 09h55

Palestinos protestam por boicote contra os produtos de Israel, em resposta ao corte no envio de recursos tributários à Autoridade Palestina, em Ramallah, Cisjordânia ocupada, 6 de agosto de 2019 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A crise financeira que assola Ramallah deve piorar bastante no futuro próximo, a menos que Israel libere os recursos tributários retidos arbitrariamente, alertou o Ministro das Finanças da Autoridade Palestina (AP) Shukri Bishara.

Durante reunião com doadores e enviados estrangeiros, Bishara esmiuçou a situação financeira da Autoridade Palestina e a pressão exercida pelo governo israelense, incluindo ao reter e deduzir ilegalmente recursos tributários palestinos.

“O sr. Bishara informou claramente os representantes da comunidade internacional que o governo [palestino] exauriu as opções disponíveis para garantir suas finanças e não recorrerá mais a empréstimos bancários”, declarou o ministério em nota.

Segundo o comunicado, Bishara destacou ainda a necessidade de reformas na relação econômica entre Ramallah e Tel Aviv, assim como no mecanismo estabelecido para liberação de impostos — “que tornou-se ferramenta para perpetuar a ocupação”.

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“Bishara exortou a comunidade internacional a assumir todos os esforços diplomáticos necessários para que Israel responda às demandas palestinas e retomar o apoio estrangeiro ao que era antes de 2018”, prosseguiu o ministério.

O ministro explicou ainda aos doadores que a ajuda internacional ao tesouro palestino caiu em até 90%, entre 2021 e o ano anterior.

A Autoridade Palestina luta com seu orçamento desde 2018, quando o então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump cortou recursos da UNRWA — agência das Nações Unidas responsável pelo apoio aos refugiados palestinos na região.

Israel também começou a deduzir parte dos recursos tributários que coleta em nome de Ramallah, ao alegar que é utilizado para indenizar famílias de mártires e prisioneiros, acusados de cometer “atos terroristas” contra a ocupação.

O atual presidente americano Joe Biden restaurou a ajuda aos palestinos à escala de US$200 milhões, após assumir posse em janeiro deste ano.