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Relatora especial da ONU afirma que Israel deve financiar a reconstrução de Gaza juntamente com seus principais apoiadores

13 de dezembro de 2025, às 09h32

Francesca Albanese, Relatora Especial da ONU, discursa em Bogotá, Colômbia, em 15 de julho de 2025. [Juancho Torres/ Agência Anadolu]

A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados afirmou, na sexta-feira, que Israel deve financiar a reconstrução de Gaza juntamente com os EUA e outros países fornecedores de armas, segundo a Anadolu.

Em um evento em Londres sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese observou que deve haver uma avaliação completa da cumplicidade no genocídio em Gaza, enfatizando que não apenas Israel, mas todos os Estados que apoiam o genocídio devem sofrer sanções.

“Os Estados devem romper relações com Israel, devem parar de ajudar e apoiar um Estado que mantém uma ocupação ilegal”, disse Albanese.

Abordando a questão da responsabilização, a relatora especial afirmou que Israel deve arcar com os custos da reconstrução de Gaza, juntamente com os EUA, a Alemanha e a Itália, que são os principais fornecedores de armas.

Ela prosseguiu dizendo que deve haver uma investigação rigorosa sobre a cumplicidade do Reino Unido com esse genocídio por meio dos serviços prestados a partir de bases no Chipre.

“Se Israel não quer ser acusado de práticas coloniais, não deve se comportar como uma potência colonial, como uma entidade colonial, tomando terras e deslocando pessoas”, acrescentou.

Afirmando que os dois anos de genocídio em Gaza são “o resultado de 60 anos de impunidade”, ela observou que isso não vai parar “a menos que as coisas mudem em Londres, em Roma, em Berlim ou em Paris”.

“Nenhuma resposta robusta contra as sanções”

Ao abordar as sanções americanas contra ela, Albanese afirmou que, com as sanções, ela própria, os juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI) e os grupos palestinos de direitos humanos são “considerados criminosos”.

“Não houve uma resposta suficientemente robusta para que as sanções fossem suspensas”, disse ela.

Acrescentou que, como está proibida de viajar para os EUA, não pode apresentar seus relatórios à Assembleia Geral da ONU, além de também não poder abrir uma conta bancária.

Especialistas da ONU alertaram em agosto que as sanções americanas contra Albanese ameaçam o sistema de direitos humanos, um mês depois de os EUA anunciarem a imposição de sanções à relatora especial por seus “esforços para incitar” a ação do TPI contra autoridades americanas e israelenses.

Em agosto, os EUA também sancionaram quatro funcionários do TPI por autorizarem os mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, acusando ambos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.

Cerca de 250 mil famílias vivem atualmente em campos de deslocados na Faixa de Gaza, muitas enfrentando frio e inundações dentro de tendas frágeis, segundo a Defesa Civil.

Embora o cessar-fogo tenha entrado em vigor em 10 de outubro, as condições de vida em Gaza não melhoraram, visto que Israel continua a impor restrições rigorosas à entrada de caminhões de ajuda humanitária, violando o protocolo humanitário do acordo.

Israel matou mais de 70 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, e feriu mais de 171 mil em ataques em Gaza desde outubro de 2023, que continuaram apesar da trégua.