Um total de 1.117 novos deslocados internos chegaram a Tawila, no estado de Darfur do Norte, após fugirem da cidade de El-Fasher devido à intensificação da violência e à deterioração das condições de segurança, informou uma organização da sociedade civil sudanesa nesta segunda-feira.
No domingo, os combates entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) paramilitares continuaram em El-Fasher, que serve como centro de operações humanitárias para os cinco estados de Darfur.
A Coordenação de Pessoas Deslocadas, uma ONG local, afirmou em comunicado que 1.117 pessoas de 360 famílias chegaram a Tawila no domingo, após fugirem de El-Fasher.
Com isso, o número total de famílias deslocadas que chegaram a Tawila entre 18 e 27 de outubro chegou a 831, totalizando 3.038 pessoas, segundo o mesmo comunicado.
As famílias deslocadas “vivem em condições humanitárias extremas e carecem até mesmo das necessidades mais básicas para a sobrevivência”, disse Adam Regal, porta-voz da Coordenação Geral para Refugiados e Pessoas Deslocadas, à agência Anadolu.
“Essas famílias precisam urgentemente de serviços essenciais para salvar vidas, incluindo água, assistência médica, nutrição, alimentos, abrigo, proteção, educação e apoio psicossocial”, disse Regal, instando a ONU e as agências humanitárias a intervirem imediatamente.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), por sua vez, afirmou que mais de 26.000 pessoas fugiram de El-Fasher em 48 horas devido aos confrontos em curso.
“Entre 26 e 27 de outubro, as equipes de campo da Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM) estimaram que 26.030 pessoas foram deslocadas pelos combates em El-Fasher, Darfur do Norte”, disse a agência da ONU em um comunicado.
A OIM ressaltou que os números são preliminares e sujeitos a alterações, visto que a insegurança e o ritmo dos deslocamentos continuam a aumentar.
De acordo com os relatórios de campo da DTM, a maioria dos deslocados fugiu para áreas rurais ao redor de El-Fasher, enquanto outros chegaram à cidade de Tawila.
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As equipes de campo também relataram “insegurança extremamente alta ao longo das estradas”, afirmou o comunicado.
A OIM alertou que a situação em El-Fasher permanece “instável e extremamente tensa”, com insegurança persistente e movimentos populacionais contínuos.
Em outro comunicado, a organização informou que 2.495 pessoas também foram deslocadas da cidade de Bara, em Kordofan do Norte, devido ao agravamento das condições de segurança.
Na última quinta-feira, quatro agências da ONU – OIM, UNICEF, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) – afirmaram que 260.000 civis estão presos em El-Fasher, incluindo 130.000 crianças que sofrem com grave escassez de alimentos e falta de serviços de saúde.
El-Fasher tem sido palco de intensos combates há semanas entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF), após um ataque em múltiplas frentes do grupo paramilitar, que cercou a cidade por cinco direções em uma tentativa de assumir o controle devido à sua importância estratégica.
As Forças de Apoio Rápido (RSF) sitiam El-Fasher desde 10 de maio de 2024.
O exército e as RSF estão em conflito desde abril de 2023, o que resultou em milhares de mortes e milhões de deslocados.








