clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Distribuição de alimentos em Gaza é ‘assassinato orquestrado’, denuncia MSF

8 de agosto de 2025, às 13h22

Multidões buscam alimentos, sob ataques israelenses, em um posto de distribuição na travessia de Zikim, em Gaza, em 2 de agosto de 2025 [Khames Alrefi/Agência Anadolu]

As operações do mecanismo israelo-americano denominado Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês) constituem “desumanização e assassinatos orquestrados”, reportou nesta quinta-feira (7) a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Segundo o alerta, forças israelenses e mercenários americanos mantêm ataques indiscriminados a multidões de palestinos famintos, que buscam assistência nas rotas e postos administrados pela agência.

Para a entidade internacional, a GHF representa “um agente por procuração de Israel e Estados Unidos, que militarizou a distribuição de alimentos”.

Em relatório intitulado “Isso não é ajuda, é assassinato orquestrado”, a MSF compilou dados médicos, testemunhos de pacientes e análises em campo de duas de suas clínicas, situadas perto de postos assistenciais da GHF, no sul de Gaza.

LEIA: Oficial israelense admite disparar contra civis em postos assistenciais de Gaza

Entre 7 de junho e 24 de julho, ambas as instituições trataram 1.380 baixas de violência da GHF, incluindo 28 mortos no local. Entre as vítimas, setenta e uma crianças com ferimentos de bala, vinte e cinco com menos de 15 anos.

Segundo a MSF, muitas famílias, sob escassez crítica de alimentos, enviam meninos adolescentes aos postos assistenciais — comumente os únicos em condições de realizar a jornada.

“A MSF reivindica o desmantelamento imediato do esquema da GHF; restauração do mecanismo de entrega humanitária coordenado pela ONU; e que governos, especialmente Estados Unidos, bem como doadores privados, suspendam todo apoio político e financeiro à fundação, cujos postos são armadilhas mortais”, reiterou.

Em 27 de maio, Israel inaugurou um mecanismo à parte, o GHF, ao substituir estruturas estabelecidas da ONU e redes internacionais. Nesta quarta (6), cinquenta e um palestinos foram mortos e 230 feridos enquanto buscavam alimento, com um total de 1.700 feridos e 12 mil feridos desde então.

Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Entre as fatalidades, 18.500 são crianças.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

LEIA: Relatores da ONU urgem fim imediato da Fundação Humanitária de Gaza