As operações do mecanismo israelo-americano denominado Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês) constituem “desumanização e assassinatos orquestrados”, reportou nesta quinta-feira (7) a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Segundo o alerta, forças israelenses e mercenários americanos mantêm ataques indiscriminados a multidões de palestinos famintos, que buscam assistência nas rotas e postos administrados pela agência.
Para a entidade internacional, a GHF representa “um agente por procuração de Israel e Estados Unidos, que militarizou a distribuição de alimentos”.
Em relatório intitulado “Isso não é ajuda, é assassinato orquestrado”, a MSF compilou dados médicos, testemunhos de pacientes e análises em campo de duas de suas clínicas, situadas perto de postos assistenciais da GHF, no sul de Gaza.
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Entre 7 de junho e 24 de julho, ambas as instituições trataram 1.380 baixas de violência da GHF, incluindo 28 mortos no local. Entre as vítimas, setenta e uma crianças com ferimentos de bala, vinte e cinco com menos de 15 anos.
Segundo a MSF, muitas famílias, sob escassez crítica de alimentos, enviam meninos adolescentes aos postos assistenciais — comumente os únicos em condições de realizar a jornada.
“A MSF reivindica o desmantelamento imediato do esquema da GHF; restauração do mecanismo de entrega humanitária coordenado pela ONU; e que governos, especialmente Estados Unidos, bem como doadores privados, suspendam todo apoio político e financeiro à fundação, cujos postos são armadilhas mortais”, reiterou.
Em 27 de maio, Israel inaugurou um mecanismo à parte, o GHF, ao substituir estruturas estabelecidas da ONU e redes internacionais. Nesta quarta (6), cinquenta e um palestinos foram mortos e 230 feridos enquanto buscavam alimento, com um total de 1.700 feridos e 12 mil feridos desde então.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Entre as fatalidades, 18.500 são crianças.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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