O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou em entrevista a Tucker Carlson, ex-âncora da rede americana Fox News, divulgada nesta segunda-feira (7), que agentes israelenses tentaram assassiná-lo, no contexto da última escalada.
“Eles tentaram, sim, mas fracassaram”, disse o presidente, sem detalhes. “Eu estava em uma reunião. Tentaram bombardear a área onde nos encontrávamos”.
“Não tenho medo de me sacrificar pelo meu país”, acrescentou. “Nenhum dos oficiais do governo temem perder suas vidas. Mas será … será que mais sangue e morte trará paz e estabilidade para a nossa região?”.
Em diversas ocasiões durante a entrevista — em inglês e farsi — Pezeshkian ressaltou o interesse do Irã na diplomacia, incluindo negociações com os Estados Unidos. Contudo, prometeu se defender.
Programa nuclear e diplomacia
Pezeshkian insistiu que Teerã jamais planejou construir uma bomba nuclear: “A verdade é que jamais estivemos atrás da bomba — nem no passado, nem no presente, nem no futuro. É errado e vai contra nossa religião”.
Questionado sobre o volume de urânio enriquecido, Pezeshkian se evadiu, mas afirmou compromisso em “conversar sobre o assunto”. Então reiterou permanecer na “mesa de negociações”, mesmo após os ataques de Israel, em 13 de junho.
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Sobre a diplomacia, replicou: “Não temos problemas em reaver as negociações … Mas como vamos confiar nos Estados Unidos? Como podemos ter certeza de que, no meio das conversas, o regime israelense não poderá nos atacar novamente?”
“Minha ideia é de que o governo americano deveria evitar se envolver em uma guerra que não lhe pertence. Essa guerra é d[o premiê israelense Benjamin] Netanyahu. É ele quem tem uma agenda … e ele que trava guerras e mais guerras sem fim”.
O mesmo receio exprimiu sobre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — órgão das Nações Unidas com o qual Teerã rompeu cooperação, sob sanção executiva nesta semana.
“A forma como redigiram seus relatórios deu desculpas aos ataques ilegais de Israel. E mesmo depois disso, a AIEA se negou a condenar a agressão”.
Para o político iraniano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode assumir protagonismo ao “guiar” a região, ao “colocar Israel em seu devido lugar”.
Sobre a expansão do conflito, Pezeshkian apontou a Carlson que seu país não buscaria atrair aliados, como China e Rússia, ao campo de batalha: “Somos capazes de defender a nós mesmos, de nos sustentar sobre nossos dois pés”.
A entrevista sucedeu ataques sem precedentes dos Estados Unidos ao Irã, em favor de Israel, contra os sítios nucleares de Nathanz, Fordow e Isfahan. No dia seguinte, sem as partes, Trump anunciou um cessar-fogo — fragilmente mantido desde então.
Carlson, antigo apoiador de Trump, rompeu com o regime. No contexto dos ataques ao Irã, entrevistou o senador republicano Ted Cruz, ocasião na qual o acusou de promover uma guerra sem saber “nada” sobre o país.
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