clear

Criando novas perspectivas desde 2019

‘Tentaram me matar, mas fracassaram’, diz presidente do Irã sobre Israel

12 de julho de 2025, às 11h31

Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, durante cerimonial às vítimas dos disparos de Israel, em Teerã, em 2 de julho de 2025 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou em entrevista a Tucker Carlson, ex-âncora da rede americana Fox News, divulgada nesta segunda-feira (7), que agentes israelenses tentaram assassiná-lo, no contexto da última escalada.

“Eles tentaram, sim, mas fracassaram”, disse o presidente, sem detalhes. “Eu estava em uma reunião. Tentaram bombardear a área onde nos encontrávamos”.

“Não tenho medo de me sacrificar pelo meu país”, acrescentou. “Nenhum dos oficiais do governo temem perder suas vidas. Mas será … será que mais sangue e morte trará paz e estabilidade para a nossa região?”.

Em diversas ocasiões durante a entrevista — em inglês e farsi — Pezeshkian ressaltou o interesse do Irã na diplomacia, incluindo negociações com os Estados Unidos. Contudo, prometeu se defender.

Programa nuclear e diplomacia

Pezeshkian insistiu que Teerã jamais planejou construir uma bomba nuclear: “A verdade é que jamais estivemos atrás da bomba — nem no passado, nem no presente, nem no futuro. É errado e vai contra nossa religião”.

Questionado sobre o volume de urânio enriquecido, Pezeshkian se evadiu, mas afirmou compromisso em “conversar sobre o assunto”. Então reiterou permanecer na “mesa de negociações”, mesmo após os ataques de Israel, em 13 de junho.

LEIA: A ‘libertação’ do Irã não virá de bombas ou mudança do regime por Israel—EUA

Sobre a diplomacia, replicou: “Não temos problemas em reaver as negociações … Mas como vamos confiar nos Estados Unidos? Como podemos ter certeza de que, no meio das conversas, o regime israelense não poderá nos atacar novamente?”

“Minha ideia é de que o governo americano deveria evitar se envolver em uma guerra que não lhe pertence. Essa guerra é d[o premiê israelense Benjamin] Netanyahu. É ele quem tem uma agenda … e ele que trava guerras e mais guerras sem fim”.

O mesmo receio exprimiu sobre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — órgão das Nações Unidas com o qual Teerã rompeu cooperação, sob sanção executiva nesta semana. 

“A forma como redigiram seus relatórios deu desculpas aos ataques ilegais de Israel. E mesmo depois disso, a AIEA se negou a condenar a agressão”. 

Para o político iraniano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode assumir protagonismo ao “guiar” a região, ao “colocar Israel em seu devido lugar”.

Sobre a expansão do conflito, Pezeshkian apontou a Carlson que seu país não buscaria atrair aliados, como China e Rússia, ao campo de batalha: “Somos capazes de defender a nós mesmos, de nos sustentar sobre nossos dois pés”.

A entrevista sucedeu ataques sem precedentes dos Estados Unidos ao Irã, em favor de Israel, contra os sítios nucleares de Nathanz, Fordow e Isfahan. No dia seguinte, sem as partes, Trump anunciou um cessar-fogo — fragilmente mantido desde então.

Carlson, antigo apoiador de Trump, rompeu com o regime. No contexto dos ataques ao Irã, entrevistou o senador republicano Ted Cruz, ocasião na qual o acusou de promover uma guerra sem saber “nada” sobre o país.

LEIA: : Xeque-mate em Teerã: A queda da estratégia israelense e americana