Josep Borell, ex-chefe de política externa da União Europeia, traçou paralelos, na sexta-feira (11), entre o massacre de Srebrenica, em 1995, e o genocídio israelense em curso na Faixa de Gaza, ao instar ações para impedir atrocidades.
No Twitter (X), escreveu Borell: “Trinta anos atrás não impedimos Srebrenica. Hoje, nos curvamos às vítimas. A melhor forma de honrar sua memória é impedir a continuidade de outro genocídio, hoje cometido em Gaza”.
Em julho de 1995, forças sérvias atacaram uma “zona segura” na Bósnia, sob tutela das Nações Unidas, com mais oito mil mortos dentre homens e meninos muçulmanos — a despeito da presença de supostas tropas de paz holandesas.
Batalhões comandados pelo general Ratko Mladic — condenado a prisão perpétua por crimes de guerra e genocídio — invadiram a área em 11 de julho, ao executarem duas mil pessoas imediatamente e milhares mais nos dias seguintes.
Corpos foram encontrados em 570 valas comuns em toda Bósnia e Herzegovina.
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Também nesta sexta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, marcou em evento do aniversário da chacina, ao pedir vigilância global diante da ascensão de “discurso de ódio, negacionismo e divisão”.
Em nota, Guterres caracterizou Srebrenica como “a maior atrocidade em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial”.
“Em julho de 1995, milhares de homens e meninos bósnio-muçulmanos foram mortos, sistematicamente”, ressaltou Guterres. “Milhares de mulheres, crianças e idosos foram deslocados à força, suas vidas devastadas”.
“A intenção era extermínio dos muçulmanos de Srebrenica”, reconheceu — no entanto, sem citar Gaza. “Devemos respeitar a lei internacional, defender os direitos humanos, preservar a dignidade de cada indivíduo e investir na paz e reconciliação”.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo em Gaza há 640 dias, com ao menos 57 mil mortos e dois milhões de deslocados à força — sob cerco militar e catástrofe de fome.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) — responsável pela pena de Mladic — ordenou prisão do premiê de Israel Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — corte-irmã também em Haia, que julga Estados — sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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