O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, reivindicou nesta quinta-feira (10) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que abandone sua abordagem de “dois pesos, duas medidas” para retomar a cooperação entre as partes, sob uma crise de confiança deflagrada por ataques de Israel e Estados Unidos ao Estado persa.
As informações são da rede Al Jazeera.
Desde então, a agência de monitoramento das Nações Unidas se negou a condenar as agressões, apesar da natureza ilegal e não-provocada.
Em conversa por telefone com António Costa, presidente do Conselho Europeu, o líder iraniano ressaltou: “A continuidade de nossa cooperação depende de a agência corrigir suas políticas de dois pesos, duas medidas no que diz respeito à pauta nuclear”.
Pezeshkian observou também que “qualquer agressão reiterada contra o Irã terá como uma ação mais e mais decisiva”.
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Laços com a AIEA se degradaram desde 13 de junho, com os ataques de Tel Aviv. Após dez dias de troca de disparos, os Estados Unidos intervieram, ao lançar bombas contra três sítios nucleares iranianos: Nathanz, Fordow e Isfahan.
No dia seguinte, o presidente americano Donald Trump anunciou um cessar-fogo, sem as partes — fragilmente implementado desde então.
Na semana passada, Pezeshkian sancionou uma lei para suspender a cooperação com a AIEA. A agência confirmou que seus últimos inspetores deixaram o país, ao retornarem a Viena. Porém, insistiu na intenção de reaver o trabalho “o mais breve possível”.
Rafael Grossi, diretor da AIEA, caracterizou as negociações com o Irã como “prioridade máxima”, ao admitir, no entanto, falta de acesso às instalações desde os ataques.
Teerã acusa a AIEA de viabilizar a ofensiva, mediante uma resolução de 12 de junho — um dia antes dos ataques —, aplicada como pretexto por Tel Aviv.
Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado em Washington, condenou como “inaceitável” a decisão iraniana de suspender a colaboração, ao instar o país a “voltar atrás e escolher um caminho de paz e prosperidade [sic]”.
Para Bruce, “o Irã não pode e não vai ter uma arma nuclear”.
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Teerã insiste que seu programa atômico tem fins civis. Contudo, nota falta de confiança nas partes, incluindo a agência. Nem a inteligência americana, tampouco avaliações da AIEA corroboraram qualquer intenção armamentista.
No último domingo (6), neste mesmo contexto, o bloco dos Brics — o qual o Irã integra desde 2024 —, condenou os ataques israelo-americanos, ao descreveram as operações como “violação flagrante da lei internacional”.








