O grupo palestino Hamas afirmou nesta sexta-feira (4) ter encaminhado uma resposta “positiva” aos mediadores — Egito e Catar — sobre uma nova proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza, incluindo troca de prisioneiros, reportou a agência Anadolu.
“Concluímos nossas consultas internas e com as forças e facções palestinas referentes à mais recente proposta dos mediadores para cessar a agressão contra o nosso povo em Gaza”, reiterou o Hamas em nota. “Entregamos nossa resposta aos mediadores, que foi positiva”.
O Hamas se disse “seriamente pronto para entrar de imediato em uma nova rodada de negociações sobre os mecanismos para implementar o quadro em questão”.
O comunicado não concedeu detalhes da proposta, mas a imprensa israelo-americana tem reportado que as principais provisões incluem soltura de metade dos prisioneiros de guerra israelenses ainda vivos (10), além de outros 18 corpos em cinco fases, em um período de 60 dias de armistício.
Em troca, Tel Aviv libertaria um número considerável de presos políticos palestinos em sua custódia, além de retirar gradualmente suas tropas de áreas acordadas em Gaza. O regime ocupante vê divergências nesses termos e exige desarmamento da resistência e exílio das lideranças dissidentes.
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Tel Aviv estima que restam 50 prisioneiros de guerra israelenses ainda em Gaza; trinta, no entanto, mortos ao longo de seus bombardeios. Em contrapartida, ao menos 10.400 palestinos perecem nos cárceres de Israel, sob tortura, fome e negligência médica, em boa parte sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.
O Canal 12 israelense confirmou que a parte ocupante recebeu a resposta.
Ao mencionar uma fonte anônima, comentou a emissora: “Se o Hamas consentir com a proposta, uma delegação de Tel Aviv deve viajar a Doha para fechar o acordo. Isso não deve tomar mais do que 36 horas”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitará Washington nesta semana, para se encontrar com o presidente americano, Donald Trump, e debater a conjuntura regional, incluindo Gaza e Irã, segundo as informações.
Segundo o periódico Yedioth Ahronoth, Trump deve aproveitar a reunião para anunciar o cessar-fogo, ainda na segunda-feira (7).
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza há mais de 630 dias, com mais de 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob cerco e catástrofe de fome.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e Yoav Gallant, ex-ministro da Defesa, por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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