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Era Netanyahu vê aumento de 40% nos assentamentos ilegais da Cisjordânia

5 de julho de 2025, às 13h25

Assentamento ilegal israelense de Efrat, em Belém, na Cisjordânia ocupada, em 30 de março de 2024 [Wisam Hashlamoun/Agência Anadolu]

Palestinos na Cisjordânia ocupada vivenciam um surto de ataques coloniais israelenses — incluindo pogroms —, em meio a um aumento crítico de 40% nos assentamentos e postos avançados ilegais sob o atual governo do premiê Benjamin Netanyahu, reportou a imprensa local nesta sexta-feira (4).

O Canal 12 israelense confirmou que a Cisjordânia vive um “boom” de assentamentos, desde que Netanyahu retornou ao poder no fim de 2022.

O número de assentamentos subiu de 128 a 178 na Cisjordânia ocupada, em paralelo a um volume sem precedentes de demolições de casas palestinas, confirmou a emissora.

A reportagem sucede em apenas dois dias uma carta de 14 ministros do partido Likud, de Netanyahu, referendada pelo presidente do parlamento (Knesset) Amir Ohana, para exigir do premiê que anexe “imediatamente” a Cisjordânia ocupada.

Na última semana, ao menos três palestinos foram mortos e sete outros feridos em um ataque de colonos ilegais em Kafr Malik, no centro da Cisjordânia.

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Conforme a reportagem, “o anúncio de dezenas de novos assentamentos, o ritmo sem precedentes do instalação de postos avançados, a construção de estradas estratégicas, e o grande número de demolições de edifícios palestinos, tudo isso busca robustecer o controle judaico na área e eliminar a solução de dois Estados”.

“Nenhum governo jamais encorajou assentamentos tanto quanto este”, celebrou Meir Deutsch, líder do movimento extremista Regavim. “Israel está administrando a Judeia e Samaria [sic, Cisjordânia ocupada] como se fosse sua, pela primeira vez desde a criação de nosso Estado”.

Israel foi estabelecido em terras da Palestina histórica em 1948, em episódio conhecido pelos nativos como Nakba ou catástrofe, mediante pogroms, ataques terroristas contra comunidades civis e limpeza étnica planejada.

Em 1967, Israel ocupou Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, em medida condenada internacionalmente.

Postos coloniais

Conforme o Canal 12, ao menos 50 novos assentamentos foram anunciados em terras da Cisjordânia ocupada desde a formação do novo governo.

“Dezenove dos recém-reconhecidos assentamentos já existiam, sete são hoje fazendas pastoris, catorze são bairros de outros assentamentos e dez são assentamentos apenas no papel”, observou a reportagem.

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“Junto de dezenas de novos assentamentos, obras nos assentamentos já existentes na Cisjordânia quebraram recordes nos últimos dois anos e meio — avançando ainda mais 

desde o início de 2025”, acrescentou.

Segundo os dados disponíveis, ao menos 41.709 unidades residenciais a colonos foram aprovadas pelo regime israelense — número que excede a totalidade dos seis anos que precederam a nova gestão de Netanyahu.

Na Cisjordânia ocupada, postos avançados ilegais chegaram a 214 no fim de 2024, dos quais 66 foram estabelecidos paralelamente ao genocídio conduzido por Israel na Faixa de Gaza sitiada.

Durante os primeiros dois anos do atual governo, o número de postos avançados subiu cerca de 300% comparado ao biênio anterior.

“A maioria dos postos ilegais são bases agrícolas que ocupam áreas vastas, com terras pastoris cobrindo hoje em torno de 787 km², especialmente nas regiões leste e central da Cisjordânia”, detalhou a emissora.

Segundo o canal, os recordes na construção e formalização de assentamentos coincide com aumento no número de colonos: de 2013 a 2023, a população ilegal na Cisjordânia cresceu 38%, de 374 mil a 517 mil, de acordo com dados coloniais.

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