Catorze ministros do partido Likud, chefiado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reivindicaram um decreto do governo para anexar ilegal e imediatamente a Cisjordânia ocupada, em carta compartilhada na quarta-feira (2) pelo ativista colonial e ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Os signatários instaram de Netanyahu “aplicar a soberania sobre Judeia e Samaria [sic, Cisjordânia] antes do recesso de verão do Knesset [parlamento]”. A última sessão deve ocorrer em 27 de julho.
Para os ministros, “a atual parceria estratégica, via suporte e apoio dos Estados Unidos e de seu presidente Donald Trump criam uma oportunidade favorável para a medida”; isto é, a anexação ilegal.
A carta sugeriu ainda reconhecimento de blocos coloniais, ao alertar que estabelecer o Estado palestino nas terras remanescentes imporia “uma ameaça existencial ao Estado de Israel”.
LEIA: Após cinco meses, Israel segue destruindo campos da Cisjordânia, alerta MSF
Dentre os signatários, estão os ministros da Defesa, Economia, Agricultura, Transporte, Energia, Comunicações, Justiça, Turismo, Inovação, Cultura, Diáspora, Igualdade Social, Educação e Cooperação Regional, bem como o presidente do Knesset, Amir Ohana.
Estima-se 770 mil colonos israelenses radicados hoje na Cisjordânia ocupada, em 180 assentamentos e 256 postos avançados — incluindo 138 classificados como agrários ou pastoris.
Desde outubro de 2023, quando eclodiu o genocídio em Gaza, colonos e soldados, sob política aberta da ocupação, intensificaram ataques e pogroms na Cisjordânia, com ao menos 986 mortos e sete mil feridos.
Em julho último, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação nos territórios palestinos, ao instar a evacuação imediata de colonos e soldados e reparação aos nativos.
Em setembro, a medida avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, por maioria absoluta dos votos, com prazo de um ano a ser implementada.
LEIA: ONU condena assassinatos conduzidos por colonos na Cisjordânia ocupada