O ativista espanhol Sergio Toribio registrou uma queixa criminal na Justiça Nacional de seu país contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e outras lideranças militares israelenses, por sua operação de pirataria que interceptou o veleiro Madleen, rumo a Gaza, e sequestrou seus tripulantes.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A denúncia acusa os oficiais de crimes de guerra e lesa-humanidade pela ação naval de 9 de junho, que interrompeu a missão humanitária da Flotilha da Liberdade.
“Nosso barco foi interceptado a cem milhas náuticas de distância dos limites das águas internacionais”, reiterou Toribio à imprensa em frente ao tribunal. “Fomos literalmente sequestrados por uma unidade especial de combate. Em seguida, levados à força para Tel Aviv e entregues às autoridades sem crime algum”.
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“Esses atos, sob a lei da Espanha, constituem crime de guerra no contexto dos ataques sistemáticos contra a população palestina em Gaza e aqueles que tentavam auxiliá-la”, destacou o advogado Jaume Asens, representante da coalizão em Madrid, à agência de notícias EFE.
A ação invoca o princípio de jurisdição universal corroborado pela Espanha, embasada em duas partes: um processo individual de Toribio, como vítima direta, e uma denúncia coletiva apoiada pelo Comitê de Solidariedade com a Causa Árabe (CSCA).
Além do premiê, a queixa identifica seu ministro da Defesa, Israel Katz, e outros oficiais de alto escalão envolvidos na incursão ilegal conduzida em alto-mar.
Onze ativistas e um jornalista integravam o Madleen, incluindo Toribio, a ativista sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e a eurodeputada francesa Rima Hassan.
A embarcação civil carregava insumos essenciais a Gaza, como fórmula infantil, fraudas, arroz, produtos de higiene, kits de dessalinização de água, insumos médicos, muletas e próteses infantis para as vítimas amputadas da guerra.
O processo de Toribio pede inquérito judicial, depoimento das partes internacionais e mandados de prisão aos perpetradores.
A queixa coincide com uma nova escalada israelense em Gaza. O canal espanhol RTVE reportou nesta quinta-feira (3) que forças da ocupação mataram ao menos 81 pessoas em Gaza em um único incidente, incluindo 30 à espera de ajuda.
Em pouco mais de 630 dias, a campanha israelense — investigada como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — deixou ao menos 56.600 palestinos mortos e dois milhões de desabrigados sob catástrofe de fome.