Israel limita fórmula infantil e acesso médico a Gaza, em meio a epidemia de fome

5 meses ago

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Autoridades israelenses foram novamente acusadas de explorar a fome como arma de guerra, após a apreensão de latas de fórmula para bebês e crianças de um médico dos Estados Unidos rumo a Gaza, reportou na quarta-feira (2) o jornal Le Monde.

As denúncias coincidem com alertas de grupos assistenciais e profissionais de saúde de uma epidemia de fome, com mais e mais mortes de crianças por desnutrição severa no enclave palestino, sob sítio militar israelense.

No final de junho, um médico americano em missão humanitária, com destino a Gaza, foi abordado na ponte Allenby entre a Jordânia e a Cisjordânia ocupada, quando forças israelenses confiscaram sua carga: fórmula infantil, ataduras e insumos médicos.

Diana Nazzal, cirurgiã palestino-alemã e coordenadora do comboio, corroborou o caso. “Por que fariam isso senão porque a fome segue sendo utilizada como arma de guerra, no genocídio em curso na Faixa de Gaza?”, questionou a médica.

Trabalhadores de saúde reiteram que fórmula infantil — sobretudo especializada, para bebês prematuros ou intolerantes a lactose — segue criticamente escassa, em meio a uma epidemia de desnutrição que impede até mesmo a amamentação.

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Médicos em campo desmentiram alegações da Coordenação de Atividades do Governo nos Territórios (COGAT), órgão colonial israelense, de suposta entrega de mil toneladas de fórmula desde maio, ao alertarem que reservas continuam insuficientes.

Semanas depois, em junho, Ahmad al-Farra, diretor de pediatria do Hospital Nasser de Khan Younis, confirmou que os estoques de fórmula, sobretudo especializada, estariam quase completamente exauridos.

No fim de junho, ao menos dois bebês faleceram no hospital, por fome e falta de itens para tratamento médico adequado. Entre março e meados de maio, foram 57 crianças mortas sob desnutrição severa, corroborou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O acesso de médicos ao território palestino permanece restrito. 

Graeme Groom, cirurgião ortopedista britânico, relatou em maio “não ser autorizado a levar nada consigo”, pela primeira vez em dois anos, incluindo ferramentas cirúrgicas. “Vi bebês que eram pele e osso”, acrescentou.

Thaer Ahmad, clínico americano, que vivenciou sucessivas recusas da COGAT apesar de requerimentos aprovados pela OMS, notou que as restrições israelenses contribuem ao “colapso das instituições de saíde e ensino palestinas”.

“Denunciar é não voltar a Gaza”, advertiu também Catherine Le Scolan-Quere, cirurgiã geral francesa. “Silenciar, porém, é deixar que os palestinos morram sozinhos”.

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