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Redes sociais revisitam tuítes de Khamenei em meio a tensões com EUA—Israel

Postagens refletem nostalgia, humor e crítica à medida que usuários online reproduzem um lado pouco esperado do aiatolá iraniano

26 de junho de 2025, às 06h00

Supremo Líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, discursa à nação, em Teerã, 18 de junho de 2025 [Gabinete do Supremo Líder do Irã/Divulgação/Agência Anadolu]

À medida que tensões se intensificam entre Irã e Israel, tuítes antigos da conta oficial do Supremo Líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei, viralizaram nas redes sociais ao longo da semana.

As postagens, algumas com mais de uma década, geraram uma amálgama de nostalgia, humor e crítica, ao passo que usuários mergulharam em um lado pouco esperado da principal autoridade religiosa do Irã.

Um dos tuítes trata de uma lembrança de sua época de estudante: “Desde o 1o dia, ia pra escola com uma capa, era estranho usar ela na frente das outras crianças, mas tentava compensar sendo arteiro&brincalhão”.

A postagem, com suas abreviações em inglês características da linguagem de internet, rapidamente virou meme. “Vc não tem do que se envergonhar. Vc é tão arteiro&brincalhão quanto sempre foi”, disse um usuário.

“Nascido pra ser um rapper, forçado a ser aiatolá”, afirmou outro.

Outra postagem de Khamenei trata de aconselhar o casamento, de um fonte quiçá inusitada: “O homem tem a responsabilidade de entender os sentimentos da #mulher e não deve ser negligente com seu estado #emocional”.

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“Por que raios o aiatolá tá me dando um bom conselho de relacionamento?”, respondeu a internet.

“Parece que hackearam a conta”, outro brincou. “Líder Supremo nas horas vagas, terapeuta de casais e crítico literário em tempo integral”.

Outros alegaram hipocrisia, ao apontar ao senso comum sobre as restrições iranianas sobre os direitos das mulheres: “Engraçado por que as mulheres no Irã querem ser arteiras ou brincalhonas, mas você as mata por tirarem o véu”, contrapôs um usuário ocidental.

Em outro tuíte sobre as mulheres, Khamenei as descreve como “flores”, ao condenar a violência de gênero: “Quão maldoso é um homem por tratar uma flor com violência, sem a devida apreciação. #ViolênciaContraAMulher”.

“Nascido para amar, forçado a ser Supremo Líder”, comentou um usuário. Outros pediram indicação de “o que quer que ele tenha fumado”.

 

: 400;”>Em uma mensagem de 2015, Khamenei expressou solidariedade às comunidades afro-americanas e sua mobilização antirracista: “Hoje comemoram um dia de abolição da escravidão, mas crimes continuam sendo cometidos contra os negros. #EricGarner #TrayvonMartin #BlackLivesMatter.”

Alguns brincaram, outros levaram a sério. Alguns observaram como o povo iraniano enfrenta hoje prospectos de sofrimento; outros alegaram desconexão entre as palavras de Khamenei e as duras realidades em campo. Um usuário disse: “kkk, seu povo tá sofrendo pior que os ‘negros’ — relaxa, ele não liga”.

Houve ainda quem o exaltasse — uma ruptura com a caricatura vilanesca reproduzida na imprensa —: “Peço desculpas, aiatolá Khamenei, não conhecia essa sua cantada”.

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Artigo publicado originalmente em inglês na rede Middle East Eye, em 20 de junho de 2025

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.