clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Comitê para Proteção dos Jornalistas condena ataques de Israel a TV do Irã

17 de junho de 2025, às 09h07

Incêndio causado por ataque israelense a prédio da televisão estatal iraniana, em Teerã, 16 de junho de 2025 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou veementemente os ataques de Israel, nesta segunda-feira (16), contra a emissora estatal de televisão do Irã, na capital Teerã, ao pedir fim do “derramamento de sangue”.

“O CPJ está chocado com o bombardeio de Israel a uma emissora de televisão iraniana enquanto estava ao vivo”, destacou Sara Qudah, diretora regional da instituição para o Oriente Médio.

“O assassinato por Israel — com total impunidade — de quase 200 jornalistas em Gaza encorajou seu exército a alvejar redes de mídia em toda a região. O derramamento de sangue tem de acabar já”, acrescentou.

O exército de Israel alvejou nesta segunda-feira o edifício da Emissora de Radiodifusão da República Islâmica do Irã (IBRI), ao interromper brevemente as transmissões.

O mais recente ataque israelense a grupos protegidos se deu no quarto dia de troca de disparos, após Tel Aviv alvejar zonas civis, militares e nucleares do país persa na sexta-feira (13), com retaliação.

Os ataques causaram breve interrupção nas transmissões. A emissora retomou serviços momentos depois, a partir de estúdios distintos.

Vídeos do momento do ataque circularam online e na cobertura de mídia, assim como imagens do edifício em chamas.

Mais cedo, o ministro da Defesa, Israel Katz, alertou que as rádios e televisões iranianas estariam “prestes a desaparecer”, em declaração de dolo de crime de guerra, contrário às normas de proteção de infraestrutura civil e jornalistas.

A agência Tasnim notou dezenas de profissionais feridos, embora as informações sejam ainda escassas.

O ataque interrompeu a âncora Sahar Emani, que comentava: “Ouçam, o que ouvem é o som do agressor — o som do agressor atacando a verdade”. Minutos depois, Emani voltou ao ar, de um estúdio distinto.

Em vídeo no Instagram, gravado na frente do edifício em chamas, com sangue em suas mãos, notou Younes Shadlou, correspondente da emissora: “Não sei quantos de meus colegas foram mortos e feridos”. 

Para Peyman Jebelli, chefe da IRIB, “não há razão lógica para Israel atacar uma rede de mídia no Irã, que não carrega armas tampouco impõe ameaças”.

LEIA: Irã condiciona negociações a fim dos ataques de Israel

“Em qualquer guerra ou conflito no mundo, atacar redes de imprensa é injustificável”, prosseguiu o editor. “Mas quando olhamos para a história e as guerras de Israel contra os povos da região, vemos que jornalistas costumam estar entre os alvos”.

O CPJ confirmou ao menos 185 trabalhadores de mídia mortos por Israel em Gaza, em meio aos 55 mil mortos — em maioria, mulheres e crianças. O Estado colonial mantém seu genocídio em Gaza, bem como escalada na região, desde outubro de 2023.

Segundo o CPJ, a conjuntura é a mais perigosa para jornalistas desde que a organização começou a compilar dados, em 1992.