O Reino Unido estabeleceu sanções sobre dois ministros de governo israelenses, nesta quarta-feira (11), por comentários “monstruosos” sobre Gaza, incluindo planos para a destruição do território costeiro, bem como promessas de imposição violenta de novos assentamentos ilegais na Cisjordânia.
Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), ambos aliados do premiê e foragido internacional Benjamin Netanyahu, terão seus recursos congelados e permanecerão proibidos de viajar ao Reino Unido.
O regime israelense rapidamente repreendeu Londres.
Para Gideon Sa’ar, ministro de Relações Exteriores, as sanções são um “ultraje”: “Falei mais cedo com o primeiro-ministro e convocaremos uma reunião de governo no início da próxima semana para decidir a resposta”.
Smotrich reagiu no Twitter (X), em tom de desafio: “Enquanto eu inaugurava um novo assentamento, Mitzpe Ziv, em Hebron [al-Khalil, na Cisjordânia ocupada], soube que os britânicos decidiram me sancionar por obstruir a criação de um Estado palestino. Não poderia ser melhor. Estamos determinados a continuar construindo”.
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As sanções, contudo, permaneceram engavetadas por ministros britânicos por um ano. Há quinze dias, as pastas responsáveis anunciaram maior avaliação, ao alegar demanda por esforços adicionais por apoio internacional.
Smotrich é protagonista na expansão ilegal dos assentamentos na Cisjordânia, além de incitador aberto do genocídio israelense em Gaza, incluindo ao convocar apoiadores a obstruir caminhões humanitários rumo ao enclave.
Em maio, Smotrich prometeu que Gaza seria “inteiramente destruída”, ao afirmar que civis seriam “enviados ao sul, a uma área sem Hamas ou terrorismo [sic], e dali levados em grande número a países terceiros”.
As declarações supremacistas de Smotrich chegaram a ser reconhecidas pela Alemanha — um dos principais aliados de Israel na arena internacional —, após o ministro insistir que a morte por inanição de dois milhões de palestinos seria “justificável”.
A decisão britânica coincide com pressão interna, após 300 funcionários do Ministério de Relações Exteriores manifestarem temores sobre a cumplicidade de Londres com Tel Aviv em Gaza, tornando pública sua divergência com o governo.
Nesta semana, dois oficiais sêniores da pasta, Oliver Robbins e Nick Dyer, reagiram com ameaças, ao sugerirem que trabalhadores discordantes pedissem demissão. A réplica, contudo, causou revés de relações públicas ao gabinete trabalhista em Londres.
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