O Comitê Internacional pelo Fim do Cerco prometeu nesta segunda-feira (9) manter seus esforços para entregar assistência humanitária urgente à Faixa de Gaza, sob cerco militar de Israel, horas depois de Tel Aviv interceptar a embarcação civil Madleen, com insumos assistenciais e 12 ativistas estrangeiros, em águas internacionais.
“Embora possamos nos sentir desamparados e nossas capacidades sejam limitadas, nós seguiremos fazendo tudo que podemos, junto aos povos livres do mundo, para rechaçar a guerra e exigir a abertura de todas as travessias para entrada de ajuda”, declarou o grupo em comunicado.
“Reafirmamos que atacar navios que tentam romper o cerco não nos dissuadirá de nossa missão”, acrescentou.
O comitê está dentre os organizadores da iniciativa Madleen, barco de bandeira britânica que tentou romper o cerco ilegal de Israel ao enclave, sob genocídio há mais de 600 dias, com 55 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
O Madleen, com comida, medicamentos e fórmula para bebês e crianças, foi invadido por soldados israelenses às 3h00 da manhã do horário do Cairo (21h de Brasília), a 120 milhas náuticas em águas internacionais.
Seus tripulantes foram detidos e permanecem sem comunicação com o mundo exterior. A embarcação foi rebocada ao porto israelense Ashdod.
O comitê denunciou a operação israelense como terrorismo e pirataria.
Após o ataque, a relatora especial das Nações Unidas Francesca Albanese instou portos do Mar Mediterrâneo a enviar mais e mais barcos com assistência humanitária, ao reiterar que romper o cerco é “um dever legal aos Estados e um imperativo moral a todos”.
“Devemos navegar juntos — unidos, não podem nos parar”, insistiu Albanese.
“O governo do Reino Unido [onde o Madleen está registrado] deve buscar esclarecimento pleno e urgente e assegurar a soltura imediata do barco e de sua tripulação”, acrescentou a especialista. “O Madleen deve seguir com sua missão legal a Gaza”.
A embarcação, parte da iniciativa Flotilha da Liberdade, deixou o porto de San Giovanni Li Cuti, na Sicília, em 1º de junho, com destino ao território palestino.
Integram a missão o cidadão brasileiro Thiago Ávila, a sueca Greta Thunberg e a deputada europeia Rima Hassan, bem como seus concidadãos franceses Baptiste Andre, Pascal Maurieras, Yanis Mhamdi e Reva Viard, além dos ativistas Yasemin Acar (Alemanha); Suayb Ordu (Turquia); Sergio Toribio (Espanha); Marco van Rennes (Holanda) e o repórter da rede Al Jazeera Omar Faiad, também da França.
À medida que Israel mantém fechamento de todas as travessias a Gaza desde o início de março, organizações internacionais alertam para fome endêmica entre os 2.4 milhões de palestinos no enclave.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, deferiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, desde janeiro de 2024, data na qual a corte deferiu medidas cautelares por fluxo humanitário desimpedido em Gaza — porém, sem anuência até então.
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