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Ataque de Israel a Madleen é pirataria e terrorismo, alerta Comitê Internacional

10 de junho de 2025, às 06h06

Porto israelense de Ashdod após forças ocupantes interceptarem e sequestrarem a tripulação do barco Madleen, parte da Flotilha da Liberdade rumo à Faixa de Gaza sitiada, em 9 de junho de 2025 [Saeed Qaq/Agência Anadolu]

O Comitê Internacional pelo Fim do Cerco a Gaza comentou nesta segunda-feira (9) sobre a captura da embarcação civil Madleen, com insumos humanitários a Gaza, 11 ativistas e um correspondente da rede Al Jazeera a bordo, pela Marinha de Israel.

A interceptação e sequestro dos ativistas ocorreu às 3h00 da manhã do horário do Cairo (21h00 de Brasília), a 120 milhas náuticas em águas internacionais.

Em nota à imprensa, a organização notou que agentes especiais da ocupação israelense invadiram o barco e detiveram sua tripulação civil, além de confiscar os itens essenciais destinados a Gaza, incluindo leite em pó, comida e medicamentos.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha reafirmou: “Israel não tem qualquer autoridade legal para deter voluntários internacionais a bordo do Madleen. Vemos este ataque como flagrante violação da lei internacional em detrimento das ordens do Tribunal Internacional de Justiça por acesso humanitário irrestrito à Faixa de Gaza”.

“Esses voluntários não estão sob ocupação, tampouco podem ser indiciados por oferecer ajuda ou desafiar o bloqueio ilegal”, explicou a nota. “Sua prisão é arbitrária e ilegal e deve ser rescindida imediatamente”.

O Comitê pelo Fim do Cerco acrescentou: “Israel continua a violar a lei internacional com impunidade, ao ignorar ordens do Tribunal Internacional de Justiça para permitir o acesso humanitário a Gaza, bem como leis e normas que protegem a navegação civil e demandas de milhões em todo mundo pelo fim do cerco e do extermínio em Gaza”.

“O mais recente ataque à Madleen dá seguimento a um ataque a drone injustificado, mais cedo neste mês, contra a embarcação al-Dameer, também incumbida de romper o cerco, que resultou em ferimentos leves a quatro voluntários civis e impediu a missão ainda em águas europeias, na costa de Malta”, prosseguiu o comitê.

O comitê lembrou ainda o silêncio e a inação de governos globais, quando o al-Dameer foi alvejado, de modo a encorajar a reincidência do crime pelo Estado ocupante.

Segundo o alerta, cada hora impune encoraja o regime israelense a manter seu genocídio em Gaza, perpetuar seu bloqueio e intensificar seus ataques a civis.

Neste contexto, o Comitê pelo Fim do Cerco enfatizou as seguintes demandas:

  • Fim imediato do bloqueio mortal e ilegal contra Gaza;
  • Soltura imediata de todos os voluntários e ativistas sequestrados;
  • Entrega direta e desimpedida de assistência humanitária ao povo palestino, sem o arbítrio ilegal da ocupação;
  • Responsabilização plena e genuína do Estado da ocupação pelos ataques contra as embarcações civis Madleen e al-Dameer.

Dentre os ativistas sequestrados, estão o cidadão brasileiro Thiago Ávila e a ativista sueca Greta Thunberg, cujos governos não anunciaram ações até então.

O Ministério de Relações Internacionais do Brasil (Itamaraty) emitiu uma nota breve para “recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais” e instar soltura dos tripulantes.

“Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”, ressaltou a pasta.

Gaza permanece sob cerco e bombardeios indiscriminados de Israel há mais de 600 dias, com 54.900 mortos e dois milhões de desabrigados, em situação de fome catastrófica, de acordo com diversas organizações internacionais.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, desde janeiro de 2024, data na qual a corte deferiu medidas cautelares para que Tel Aviv permitisse o fluxo humanitário em Gaza — contudo, sem aval.

Em novembro último, o Tribunal Penal Internacional (TPI) — corte-irmã em Haia, que julga indivíduos — tornou o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant foragidos em 120 países, via mandado de prisão, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

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