Após a intercepção ilegal e sequestro dos ativistas a bordo do barco Madleen, parte da iniciativa da Flotilha da Liberdade rumo a Gaza, com insumos humanitários, em águas internacionais, as redes sociais da ativista sueca Greta Thunberg — entre os tripulantes — divulgaram vídeos pré-gravados reivindicando pressão por sua soltura.
Thunberg apelou a Estocolmo para agir sobre as violações de Israel. Em nota breve, no entanto, o Ministério de Relações Exteriores da Suécia sumarizou suas ações a “apoio consular” a ser oferecido a ela e outros cidadãos.
Em entrevista em frente ao parlamento, porém, a ministra responsável, Maria Malmer Stenergard, insistiu que os ativistas não estão em perigo, portanto, não exigem ações. Stenergard buscou responsabilizar as vítimas.
Segundo a chanceler, cidadãos são aconselhados a não viajar a Gaza por uma década e aqueles que decidem fazê-lo “carregam responsabilidade”.
Em resposta à agência Anadolu, por e-mail, sua pasta permaneceu vaga: “O Ministério de Relações Exteriores e as missões relevantes no exterior estão cientes da situação e estão monitorando os desenvolvimentos”.
“Caso surja a necessidade de apoio consular, a embaixada avaliará o que pode fazer”, acrescentou.
Na madrugada de segunda-feira (9), agentes israelenses invadiram o Madleen — barco de bandeira britânica carregado de suprimentos humanitários a Gaza, como alimentos, remédios e fórmula para bebês e crianças.
Os tripulantes foram detidos e permanecem incomunicáveis. O Madleen foi rebocado ao porto israelense de Ashdod.
Doze pessoas integravam a missão, incluindo Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, além da deputada europeia Rima Hassan, do repórter da Al Jazeera Omar Faiad — ambos de cidadania francesa — e dos ativistas Yasemin Acar (Alemanha), Baptiste Andre, Pascal Maurieras, Yanis Mhamdi e Reva Viard (França), Suayb Ordu (Turquia), Sergio Toribio (Espanha) e Marco van Rennes (Holanda).
O Ministério de Relações Internacionais do Brasil (Itamaraty), de sua parte, emitiu um breve comunicado para “recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais” e instar a soltura dos tripulantes.
“Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”, ressaltou; todavia, não divulgou ações.
O Madleen partiu da Sicília em 1º de junho.
Israel mantém fechamento absoluto de Gaza há ao menos três meses, à medida que os 2.4 milhões de palestinos no enclave vivem uma catástrofe de fome segundo copiosos alertas internacionais.
O genocídio israelense — assim investigado pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — deixou 55 mil mortos até então, sobretudo mulheres e crianças.
LEIA: ‘Esperava um milagre’, diz pescadora que inspirou jornada do Madleen a Gaza