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640 mil palestinos deslocados em Gaza desde março, reportam Nações Unidas

6 de junho de 2025, às 14h03

Palestinos deixam suas casas sob ataques de Israel, em Khan Yunis, sul de Gaza, em 3 de junho de 2025 [Abdallah F.S. Alattar/Agência Anadolu]

A Organização das Nações Unidas (ONU) reportou nesta quinta-feira (5) que ordens de evacuação impostas por Israel, desde março, impuseram deslocamento de mais de 640 mil palestinos em Gaza, quase um terço da população.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, observou à imprensa: “Ainda ontem, autoridades israelenses emitiram mais uma ordem de deslocamento. Desta vez, cobrindo 54 bairros em três províncias: Norte, Gaza e Deir al-Balah. Trata-se da segunda área emitida para esta mesma área, que constitui um terço de Gaza”.

“Desde a retomada da escalada em março, o exército israelense instituiu 35 ordens de deslocamento”, reiterou Dujarric. “Isto é, mais de 640 mil pessoas forçadas a fugir mais uma vez — quase um terço dos palestinos”.

Dujarric ressaltou alarde sobre a piora na situação humanitária, ao notar as restrições assistenciais impostas por Israel.

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“Autoridades israelenses, ainda ontem, seguiram em sua política de negar movimentos humanitários que requerem coordenação”, destacou. “Das 16 tentativas de coordenar tais movimentações, cinco foram indeferidas, dentre as quais caminhões-pipas, resgate de suprimentos alimentares e relocação de combustível”.

Seis outras missões deixaram de ser concluídas, “seja por impedimentos ou por que os organizadores se viram obrigados a cancelá-las”. Apenas cinco foram realizadas.

Dujarric reportou que missões limitadas permitiram a equipes “avaliarem a desnutrição infantil, fornecerem serviços médicos e conduzirem análises”, embora “nenhuma delas tenha envolvido entrega de suprimentos desesperadamente urgentes”.

Ao alertar que “os insumos continuam a minguar”, Dujarric observou que metade das cozinhas comunitárias de Gaza tiveram de fechar as portas pela deslocamento ou pela escassez de recursos, ao insistir que o que entra em Gaza é “mero gotejo”.

O exército israelense retomou ataques a Gaza em 18 de março, com 4.402 vítimas e 13 mil feridos somados desde então, totalizando 54.700 mortos e 125 mil feridos, além de ao menos 11 mil desaparecidos sob os escombros.

A retomada dos ataques intensivos israelenses rescindiu unilateralmente um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros assinado com o grupo palestino Hamas, que seguia em vigor desde janeiro deste ano.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferia em janeiro de 2024.

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