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Ex-líder trabalhista pede inquérito sobre apoio britânico ao genocídio em Gaza

5 de junho de 2025, às 18h08

Deputado independente e ex-líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, durante ato contra o genocídio israelense em Gaza, em Londres, em 12 de setembro de 2024 [Rasid Necati Aslim/Agência Anadolu]

O parlamentar independente e ex-líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, apresentou nesta quarta-feira (4) um projeto de lei para conduzir um inquérito independente sobre o papel britânico no genocídio israelense em Gaza. 

Segundo o deputado, a eventual investigação deve se concentrar na cooperação militar, política e econômica entre Londres e Tel Aviv.

“Esta lei exige um inquérito público independente sobre a política britânica”, destacou Corbyn. “Fornecer armas, por meio de bases da Força Aérea Real no Chipre, falha em cumprir com decisões recentes do Tribunal Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional [TIJ e TPI, ambos em Haia]”.

Corbyn denunciou ainda o envio de componentes para jatos militares F-35 que operam em Gaza, “que sequer conseguiriam voar sem tais peças, das quais 15% são fabricadas no Reino Unido”.

O deputado notou apoio do público para o inquérito, “sobretudo das pessoas nas ruas, e nos e-mails que recebemos de todo o país, senão de todo o mundo”.

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A colegas no parlamento, destacou: “Espero que o congresso reconheça hoje que tem uma oportunidade única para se fazer ouvir e ser relevante”.

O deputado reiterou apelos à comunidade internacional: “Minha mensagem ao mundo é que nosso século estará nos livros de história como a época em que todos vimos pela televisão crianças morrerem de fome, pessoas morrendo sem anestesia nos hospitais, sem quaisquer meios sequer para limpar suas feridas, sem antissépticos, coisas básicas; e então, a somente alguns quilômetros dali toda água, comida, remédios e eletricidade que se pode imaginar, em abundância”.

“Estamos vendo dois milhões de pessoas sendo mortas aos poucos, além das 61 mil já perdidas”, acrescentou. “É uma desgraça, é asqueroso. A história nos julgará. A história julgará aqueles que lavaram as mãos quando poderiam fazer alguma coisa”.

Israel ignora apelos internacionais — incluindo protestos massivos em Londres e outras cidades do mundo —, ao manter seu genocídio em Gaza, cuja maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Em novembro, o TPI emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

Israel é ainda réu por genocídio no TIJ — corte-irmã, que julga Estados — sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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