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Diante de Holocausto em Gaza, Alemanha cogita limitar venda de armas a Israel

1 de junho de 2025, às 18h15

Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, em Bruxelas, na Bélgica, em 20 de maio de 2025 [Dursun Aydemir/Agência Anadolu]Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, em Bruxelas, na Bélgica, em 20 de maio de 2025 [Dursun Aydemir/Agência Anadolu]

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, alegou nesta sexta-feira (30) intenções de reavaliar e possivelmente restringir as exportações de armas ao Estado de Israel, por sua violenta campanha militar em Gaza.

As informações são da agência Anadolu.

Em entrevista ao jornal Sueddeutsche Zeitung, o ministro reagiu a uma questão sobre a compatibilidade dos eventos em Gaza com a lei internacional: “Estamos examinando isso. Com base nessa reavaliação, aprovaremos ou não maiores remessas”.

Wadephul alertou, porém, que as entregas assistenciais a Gaza são apenas “uma gota no oceano”.

“Trata-se de assegurar direitos humanos básicos”, reconheceu Wadephul. “Os doentes, as crianças e pessoas carentes são justamente os primeiros a morrer. Diante disso, nós mudamos nossa linguagem e podemos também mudar nossas ações como um próximo passo”.

Wadephul e o chanceler Friedrich Merz assumiram um tom mais firme contra Tel Aviv na última semana, ao apontarem que o governo de Benjamin Netanyahu falhou em sua promessa de garantir remessas humanitárias via um novo canal israelo-americano, em vigor desde 25 de maio.

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Na terça-feira (27), Wadephul condenou, de maneira inédita, a estratégia de Israel para Gaza, incluindo embargo de comida e medicamentos a civis palestinos, como violação “inaceitável” da lei internacional.

Durante um fórum em Berlim, o ministro expressou apreensão sobre a crise em Gaza e enfatizou a demanda por esforços diplomáticos por maior fluxo humanitário.

“Sobre Gaza, o governo israelense busca hoje uma estratégia dúbia, que consideramos equivocada”, sugeriu Wadephul. “Por um lado, a não-entrega de alimentos e remédios; por outro, forte escalada de ações militares, com a intenção óbvia de levar a população cada vez mais ao sul”.

“Tenho deixado isso claro, desde o início, durante minha recente visita de apresentação a Israel: essa política não pode receber o apoio alemão”, acrescentou. “E dado que essa política continua, nossa crítica se torna imperativa”.

“Defendemos o estado de direito onde quer que seja — e isso inclui a lei humanitária internacional”, reiterou. “E onde quer que vejamos riscos de violação, é claro, agiremos e certamente não enviaremos armas que possam levar a maiores abusos”.

Wadephul notou que especialistas de seu ministério devem preparar um relatório para a próxima semana, a fim de orientar o governo nas próximas decisões.

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A Alemanha segue como um dos mais vigorosos apoiadores do genocídio realizado por Israel em Gaza, ao distorcer seu passado do Holocausto nazista.

Todavia, a coalizão de centro-direita do chanceler Merz tem adotado uma postura mais crítica frente a Tel Aviv, junto a outros governos, sobretudo diante do cerco contínuo, bombardeios e planos israelenses de limpeza étnica e anexação territorial.