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Bolívia denuncia campanha de Netanyahu em Gaza como uma “invasão massiva”

9 de maio de 2025, às 11h02

O presidente boliviano, Luis Arce, discursa durante a apresentação do relatório do Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI) sobre as ações após a renúncia e fuga de Evo Morales devido aos resultados eleitorais de outubro de 2019, no Auditório do Banco Central da Bolívia, em La Paz, em 17 de agosto de 2021. [Jorge Bernal/AFP via Getty Images]

O governo boliviano condenou veementemente a recém-anunciada campanha militar de Israel na Faixa de Gaza, descrevendo-a como uma “invasão massiva” e uma grave violação dos direitos humanos. Em um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores em 6 de maio, a Bolívia reiterou seu apoio de longa data ao povo palestino e apelou à comunidade internacional para que tome medidas urgentes.

“A Bolívia expressa sua mais veemente condenação ao anúncio do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de uma nova invasão massiva da Faixa de Gaza, cometendo mais uma flagrante violação dos direitos humanos”, diz o comunicado oficial.

O anúncio de Israel, feito no início desta semana, descreve um plano para intensificar suas operações militares, ocupando e retendo territórios dentro de Gaza. O plano também inclui o deslocamento da população palestina para o sul e a restrição do acesso à ajuda — medidas que, segundo a Bolívia, podem constituir violações da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

Enquanto Israel prossegue com sua estratégia recém-anunciada — que supostamente inclui ocupação territorial prolongada e limitação do acesso do Hamas à ajuda humanitária, a Bolívia alertou que qualquer expansão da operação em Gaza sob as atuais condições de bloqueio e deslocamento forçado perpetuaria o descumprimento do direito internacional por parte de Israel. “Reiteramos nosso apelo à comunidade internacional para que atue urgentemente em defesa da paz, da dignidade humana e do respeito ao direito internacional”, concluiu o Itamaraty.

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O governo do presidente Luis Arce reafirmou o “compromisso da Bolívia com a defesa dos direitos do povo palestino” e defendeu “uma solução política, justa e duradoura, baseada no pleno reconhecimento da Palestina como um Estado soberano”.

Esta recente condenação reforça a firme posição da Bolívia contra as ações de Israel em Gaza. Em outubro de 2023, o governo Arce rompeu formalmente os laços diplomáticos com Israel, classificando a campanha militar israelense como “agressiva e desproporcional”.

Esta decisão foi tomada em resposta à crise humanitária resultante do conflito, que resultou em significativas vítimas civis e no deslocamento de palestinos. A Bolívia também anunciou planos para enviar ajuda humanitária a Gaza e condenou o tratamento dado por Israel aos atores internacionais que prestam assistência.

À medida que a crise se aprofunda, os apelos da Bolívia por uma intervenção global destacam uma crescente divisão nas respostas internacionais ao conflito e a necessidade urgente de uma solução diplomática.

A Bolívia há muito tempo apoia abertamente a criação de um Estado Palestino. Reconheceu oficialmente a Palestina como um Estado soberano em 2010 e tem defendido consistentemente sua plena inclusão nas Nações Unidas. As relações diplomáticas entre Bolívia e Israel foram rompidas diversas vezes ao longo dos anos, notadamente em 2009, sob o então presidente Evo Morales, e novamente em 2023, sempre em resposta às ações militares israelenses em Gaza.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Freddy Mamani, declarou que a Bolívia “repudia e condena a ofensiva militar israelense agressiva e desproporcional que está ocorrendo na Faixa de Gaza”. A Ministra da Presidência María Nela Prada enfatizou que as ações de Israel constituem “crimes contra a humanidade” e apelou ao fim imediato das hostilidades.

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