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‘Me senti mais segura com o Hamas do que em Israel’, diz ex-refém

8 de maio de 2025, às 10h56

Mia Schem, prisioneira de guerra israelense libertada pelo grupo Hamas, no Capitólio, em Washington, Estados Unidos, em 7 de março de 2024 [Ting Shen/Bloomberg/Getty Images]

Mia Schem, ex-prisioneira de guerra franco-israelense, admitiu se sentir mais segura e protegida na Faixa de Gaza do que em Israel, reportou o jornal em hebraico Maariv na segunda-feira (5).

Schem, de 23 anos de idade, foi capturada junto de outros colonos e soldados na ação transfronteiriça de 7 de outubro de 2023 e libertada 53 dias depois, em novembro, sob o primeiro acordo de troca de prisioneiros entre Hamas e Israel.

No início de maio deste ano, Schem identificou-se em um caso judicial como vítima de estupro em Tel Aviv, cometido por um famoso influencer fitness israelense, cuja cartela de clientes inclui políticos e celebridades.

Segundo Schem, o estupro ocorreu em sua casa, por meio de um “boa-noite cinderela”, isto é, uma droga utilizada para dopá-la.

“Este foi meu maior medo durante toda a vida, antes do cativeiro, durante o cativeiro”, declarou Schem ao jornal israelense Haaretz. “Mas aconteceu após eu ser libertada, no lugar que eu achava ser o mais seguro”.

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Redes da mídia israelense informaram que o suspeito mentiu em um teste de polígrafo, mas foi liberado de custódia por suposta falta de evidências. Segundo a defesa de seu agressor, Schem está agindo “em busca de holofotes”.

Uma corte pôs a investigação sob sigilo, incluindo identidade das partes.

Em 7 de outubro de 2023, núcleos da resistência palestina romperam a fronteira com a ocupação, em uma ação coordenada que resultou na captura de cerca de 250 soldados e colonos. Estima-se 59 israelenses ainda em Gaza, vinte e quatro vivos.

Desde então, Israel mantém uma violenta campanha de punição coletiva e extermínio contra a população civil de Gaza, incluindo via propaganda de guerra e desinformação, como supostos casos de estupros desmentidos em campo.

Dados oficiais, contudo, indicam uma epidemia de assédio sexual, agressão e estupro registrados anualmente dentro de Israel, com nove em cada dez casos encerrados sem sequer acusação.

Um relatório da Associação de Centros de Crise de Estupro corroborou que a polícia de Israel abriu ao menos 6.405 investigações pelo crime em 2023; todavia, encerrou 81% delas sem indiciar os suspeitos. Dezesseis por cento dos casos chegam aos tribunais; o restante é encerrado sob acordo.

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Em Gaza, os massacres israelenses deixaram, até então ao menos 52.500 mortos e dois milhões de desabrigados. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado de Israel é ainda é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — corte-irmã do TPI; ambas em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.