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Reféns libertados de Gaza desmontam narrativa israelense, ideólogos demonstram frustração

Reféns israelenses mantidos em Gaza são entregues à Cruz Vermelha em Rafah, em 29 de novembro de 2023 [Gabinete de Imprensa do Hamas/Agência Anadolu]

Analistas israelenses não conseguiram esconder sua frustração sobre vídeos de combatentes do movimento palestino Hamas e reféns israelenses gesticulando uns para os outros durante o processo de libertação destes a equipes da Cruz Vermelha, na região de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza.

Os vídeos viralizaram e mesmo a televisão israelense foi forçada a divulgá-los, à medida que as famílias reiteraram que os indivíduos libertados foram bem tratados em seu cativeiro.

Comentaristas e ideólogos, no entanto, lamentaram que os registros mostrem a “humanidade” da resistência palestina, ao rechaçar as imagens.

O analista político Yaniv Peleg disse em artigo ao jornal Israel Hayom que a divulgação dos vídeos é prejudicial a Israel. Segundo Peleg, a gravação do Hamas é profissional, com duas ou três câmeras, incluindo drone e iluminação.

LEIA: A Palestina é o genocídio que nós, povo judeu, podemos frear

Em artigo ao jornal Haaretz publicado no domingo (26), Maya Lecker, também comentarista política rechaçou os reféns: “Devemos reconhecer que aplaudir atiradores do Hamas por dar as mãos a seus prisioneiros diante das câmeras, após matar suas famílias — em alguns casos diante de seus olhos — é um nível bem baixo para a humanidade”.

Influencers e usuários nas redes sociais solidários à causa palestina, todavia, consideraram as imagens como representação exemplar de como tratar de maneira ética prisioneiros de guerra. As demonstrações de humanidade contrapõem os relatos de tortura contra presos políticos nas cadeias de Israel.

O Canal 13 da televisão israelense admitiu nesta segunda-feira (27) que os reféns libertados não reportaram maus tratos até então. A emissora, contudo, lamentou a perda de peso dos presos, embora sem citar que estes também estiveram sob cerco militar israelense junto de Gaza, sem comida, água ou energia elétrica.

O regime israelense buscou impedir que os reféns falassem com a imprensa e restringiu contato a amigos e parentes. Seu objetivo é controlar a narrativa, a fim de preservar sua justificativa para os crimes de guerra perpetrados em Gaza.

O Catar anunciou na segunda-feira uma extensão à trégua de quatro dias entre Israel e Hamas por outros dois dias, nos quais novas trocas de prisioneiros seriam realizadas. A pausa sucedeu 45 dias de bombardeios israelenses a Gaza, com 14 mil mortos, incluindo quatro mil mulheres e seis mil crianças.

Nos últimos cinco dias, Israel recebeu 60 reféns em troca de 180 prisioneiros palestino. Os palestinos — em grande parte, crianças — são mantidos há anos nas cadeias da ocupação, sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.

Desde 7 de outubro, Israel dobrou o número de reféns palestinos em suas cadeias, chegando a cerca de dez mil detidos arbitrariamente. As ações israelenses — tanto em Gaza quanto na Cisjordânia — são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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