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ONU quer investigação independente sobre ataque a navio de ajuda humanitária em Gaza e pede fim do bloqueio

5 de maio de 2025, às 12h15

Flotilha da Liberdade de Gaza foi atingida por drone israelense em 1º de maio de 2025 [Flotilha da Liberdade]

O escritório de direitos humanos da ONU pediu no sábado uma investigação independente sobre o ataque de drone a um navio de ajuda humanitária com destino a Gaza em águas internacionais ao largo de Malta e renovou seu apelo para que Israel suspenda o bloqueio a Gaza, o que, segundo a agência, constitui “punição coletiva”, relata a Anadolu.

“Vimos relatos preocupantes sobre o incidente. Não podemos confirmá-los de forma independente. No entanto, é crucial que haja uma investigação independente, imparcial e eficaz pelas autoridades competentes sobre o incidente que levou a um aparente incêndio a bordo do navio e a um pedido de socorro em águas internacionais, com o objetivo de garantir a responsabilização”, disse a porta-voz de direitos humanos Thameen Al-Kheetan à Anadolu em um comunicado.

O navio Conscience, organizado pela Coalizão da Flotilha da Liberdade, pegou fogo após supostamente ter sido bombardeado por drones na manhã de sexta-feira enquanto transportava ajuda humanitária para Gaza. O governo maltês confirmou que o fogo foi contido com a ajuda de um rebocador próximo e que todos os 12 tripulantes e quatro civis a bordo estavam seguros, embora tenham se recusado a abandonar o navio.

O navio permanece em águas internacionais sob monitoramento.

A Coalizão da Flotilha da Liberdade culpou Israel pelo ataque, solicitando a convocação de embaixadores israelenses pelo que descreveu como violações do direito internacional, incluindo o bloqueio e o bombardeio do navio civil.

Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a Palestina, também condenou o ataque e instou os líderes da UE a denunciá-lo e exigir uma investigação urgente.

O grupo palestino Hamas também acusou Israel e apelou ao Conselho de Segurança da ONU para que aja contra as “violações” israelenses.

Al-Kheetan também destacou o agravamento da crise humanitária em Gaza, afirmando que as restrições à movimentação e ao fluxo de mercadorias afetam gravemente a população há mais de 17 anos. “Isso equivale a uma punição coletiva dos moradores de Gaza”, disse ele.

Ele acrescentou que as condições pioraram recentemente, com Israel bloqueando a entrada de todas as mercadorias em Gaza desde 2 de março, o que apenas intensificou a situação já grave. “A punição coletiva é proibida pelo Direito Internacional Humanitário e constitui um crime de guerra”, enfatizou.

“Como potência ocupante, Israel tem a obrigação — segundo o Direito Internacional Humanitário — de garantir alimentos e suprimentos médicos para a população, em toda a extensão dos meios disponíveis, ou de concordar e facilitar, por todos os meios à sua disposição, programas de ajuda humanitária de outros Estados ou organizações humanitárias imparciais”, acrescentou o porta-voz.

“Apelamos a Israel para que levante urgentemente o bloqueio a Gaza e permita a entrada de material vital”, concluiu.

Quase 52.500 palestinos foram mortos em Gaza em um ataque israelense brutal desde outubro de 2023, a maioria mulheres e crianças.

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