A China apoia as negociações do Irã sobre seu programa nuclear com os Estados Unidos e se opõe ao uso da força e a sanções unilaterais “ilegais” para tentar resolver a questão, disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ao ministro das Relações Exteriores do Irã na quarta-feira (23), segundo a Reuters.
Pequim está disposta a aprofundar a coordenação e a cooperação com Teerã em assuntos internacionais e regionais, disse Wang a Abbas Araqchi, do Irã, durante conversas na capital chinesa, de acordo com um comunicado do Ministério.
“O lado chinês elogia a promessa do Irã de não desenvolver armas nucleares e respeita o direito do Irã de utilizar energia nuclear pacificamente”, disse Wang.
A reunião ocorreu antes de novas negociações nucleares entre EUA e Irã neste sábado, e após Washington ter imposto sanções a algumas refinarias chinesas por comprarem petróleo iraniano nas últimas semanas.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que Araqchi havia informado seu homólogo chinês sobre a situação mais recente das “conversas indiretas entre o Irã e os EUA” e agradeceu à China por sua postura produtiva em relação ao programa nuclear iraniano e ao levantamento das sanções.
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O presidente dos EUA, Donald Trump, tem buscado uma campanha de “pressão máxima” sobre Teerã, incluindo a redução das exportações de petróleo iraniano a zero.
Em 2015, o Irã concordou em restringir seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções internacionais em um acordo com os EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha. Mas em 2018, Trump, um ano após seu primeiro mandato, retirou-se do pacto.
Teerã e Washington retomaram as negociações no início deste mês, com o objetivo de impor limites ao programa nuclear de Teerã.
A China, a maior compradora de petróleo iraniano, apoiou Teerã à medida que a pressão americana aumenta.
Os EUA, até o momento, sancionaram duas pequenas refinarias independentes com sede na China por comprarem petróleo iraniano.
No mês passado, as importações chinesas de petróleo iraniano atingiram um recorde histórico, com os compradores estocando petróleo em meio a preocupações de que novas sanções americanas a Teerã pudessem restringir o fornecimento.
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A China compra cerca de 90% das exportações de petróleo do Irã, segundo analistas. Os dois países construíram um sistema comercial que utiliza principalmente o yuan chinês e uma rede de intermediários, evitando o dólar e a exposição aos reguladores americanos.
Wang e Araqchi também discutiram as tarifas americanas durante a reunião de quarta-feira.
“O abuso de tarifas pelos EUA perdeu completamente a popularidade e isolou-se da comunidade internacional”, disse Wang.
“A comunidade internacional precisa se manter unida mais do que nunca para defender o multilateralismo e salvaguardar as normas básicas que regem as relações internacionais”, disse ele a Araqchi.