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Royal Television Society rescinde prêmio a jornalistas de Gaza, sofre críticas

8 de março de 2025, às 08h08

Funeral para os jornalistas palestinos Ismail al-Ghul e Rami al-Rifi, mortos por Israel em serviço, na Cidade de Gaza, em 31 de julho de 2024 [Dawoud Abo Alkas/Agência Anadolu]

A Royal Television Society (RTS), fundação sediada em Londres, revogou de última hora um prêmio especial atribuído a jornalistas de Gaza, incitando críticas.

Segundo a rede Deadline, um e-mail de circulação interna corroborou o cancelamento do Prêmio de Jornalismo em TV, para evitar “jogar lenha na fogueira”, após pressão de núcleos sionistas contra o documentário Gaza: How to Survive a War Zone — ou Gaza: Como sobreviver a uma zona de guerra — da rede BBC

Recentemente, a estatal britânica capitulou à intimidação sionista, ao retirar o filme de sua plataforma de streaming iPlayer.

Adrian Wells, diretor de premiações da RTS, confirmou que o prêmio seria galardoado, a princípio, a jornalistas palestinos de Gaza, por seu trabalho em condições extremas. A RTS, contudo, afirmou Wells, decidiu não apresentar o prêmio, sob receio de “disputas políticas”.

Em nota, alegou um porta-voz: “Investigações foram lançadas recentemente sobre uma série de notícias de Gaza e, dado que as análises seguem em curso, não sentimos que seja apropriado proceder com o prêmio este ano”.

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A decisão deflagrou repúdio. Um executivo sênior chamou a medida de “covarde”.

Ben De Pear, ex-editor do Channel 4 News e fundador da Basement Films, criticou a RTS no Twitter (X), ao apontar que a premiação foi rescindida por recuos editoriais no Reino Unido, em vez de mérito ou demérito dos profissionais envolvidos.

“A decisão se deu por omissões e fracassos em contar uma história no Reino Unido — e não por qualquer erro dos jornalistas em Gaza. Estes serão punidos e excluídos em um processo de última hora sem a devida referência ou participação da banca de jurados”, destacou De Pear.

De Pear enfatizou a ironia de um evento que diz celebrar a coragem dos jornalistas em recuar do reconhecimento devido de profissionais que reportam diretamente de uma das áreas mais perigosas do mundo.

“Apresentadores e vencedores disseram mais de uma vez que uma batalha por verdade está em curso no mundo, a importância do jornalismo e a bravura daqueles alvejados por seu trabalho — ainda essa, esta entidade que preside sobre o reconhecimento de seus pares decidiu cancelar aquilo que diz representar”, acrescentou.Neste contexto, a ITV News foi a grande vencedora da noite, com oito troféus, entre os quais Cinegrafista do Ano, Jovem Talento e Cobertura Internacional, por sua cobertura em campo no Oriente Médio.

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