É “absurdo” que a população civil da Faixa de Gaza espere a reconstrução do enclave dentro do cronograma previsto pelo acordo de cessar-fogo, afirmou nesta terça-feira (4) Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Oriente Médio.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Witkoff, que viajou recentemente a Gaza, alegou que demoraria entre três e cinco anos apenas para remover os escombros das ruas e cidades, ao descrever o tempo acordado como “fisicamente impossível”.
O emissário americano defendeu ainda as declarações de Trump sobre “limpar” Gaza, ao deslocar compulsoriamente a população civil a Egito e Jordânia.
“Este é um plano de longo prazo”, argumentou Witkoff. “O presidente pretende fazer tudo certinho. Então, para mim, é injusto [sic] ter de explicar aos palestinos que eles poderão voltar em cinco anos. É simplesmente absurdo”.
Conforme Mike Waltz, assessor de Segurança Nacional da nova gestão trumpista, o rei da Jordânia, Abdullah, visitará a Casa Branca na próxima semana, para tratar do plano de expulsão dos palestinos. Waltz insistiu ainda que o mandatário conversou com seu homólogo egípcio Abdel Fattah el-Sisi, sobre a proposta.
De acordo com Waltz, Trump está “absolutamente engajado na matéria e penso que sua liderança será capaz de reunir algumas soluções”.
Witkoff buscou ainda distanciar a gestão Trump da trégua vigente em Gaza, ao declarar que o acordo “não é tão maravilhoso quanto aquele que assinamos”.
“[O acordo] não foi ditado pelo governo Trump”, rejeitou o emissário. “Não temos nada a ver com isso. Agora, trabalhamos com esse rascunho para descobrir como resolver as coisas”.
Trump, no entanto, assumiu créditos pelo acordo, implementado às vésperas de sua posse na presidência.
Para Waltz, ao complementar as alegações de Witkoff, o tempo para reconstruir Gaza deve se estender entre dez e 15 anos.
Nesta terça, o grupo palestino Hamas confirmou o início das negociações para uma segunda fase do acordo, incluindo cessar-fogo e troca de prisioneiros. Israel, de sua parte, anunciou o envio de uma equipe ao Catar, parte mediadora.
As negociações deveriam ter começado nesta segunda (3), mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decidiu postergar a viagem de seus representantes até se reunir com Trump, na Casa Branca.
A primeira fase do acordo, prevista para durar seis semanas, entrou em vigor em 19 de janeiro, suspendendo o genocídio israelense em Gaza, com mais de 47 mil mortos, 111 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
O Estado israelense é também réu por genocídio no Tribunal Penal Internacional (TPI), sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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