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Plano de Trump para Gaza é ‘imoral e ilegal’, alerta relatora da ONU

5 de fevereiro de 2025, às 14h28

Francesa Albanese, relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, em Túnis, capital da Tunísia, em 11 de maio de 2024 [Mohamed Mdalla/Agência Anadolu]

A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reassentar à força os palestinos de Gaza a países da região e dispor controle americano sobre o enclave costeiro é “ilegal, imoral e completamente irresponsável”, advertiu a relatora especial das Nações Unidas para os territórios ocupados, Francesca Albanese.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (5), em Copenhague, Albanese condenou o plano e alertou para uma piora na crise regional.

“É ilegal, imoral e completamente irresponsável”, disse a especialista. “O que ele é propõe é absurdo. Trata-se de incitação para cometer deslocamento à força, o que configura crime internacional”.

Albanese reivindicou uma oposição forte de países e organizações de todo o mundo: “A comunidade internacional consiste em 193 Estados; é hora de dar aos Estados Unidos o que ele tanto procura — isto é, isolamento”.

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Albanese descartou a ideia de que supostos incentivos financeiros possam resolver o conflito de décadas que assola o Oriente Médio, devido à ocupação ilegal de Israel de terras palestinas.

Por tempo demais, a comunidade internacional tratou a questão palestino como algo que pode ser administrado através de mero desenvolvimento, incentivos econômicos e ajuda humanitária — francamente, não funciona. A paz pela economia é esperar pela rendição e não dará certo. O único caminho é paz pela liberdade.

Na terça-feira (4), durante coletiva de imprensa ao lado do premiê israelense Benjamin Netanyahu, durante visita desde a Washington, Trump prometeu que seu país “tomará controle de Gaza”, após dias insistindo na transferência compulsória dos palestinos ao Egito e à Jordânia.

Segundo o oligarca e presidente supremacista, Gaza viria a ser — mediante limpeza étnica — uma “Riviera do Oriente Médio”.

Netanyahu — foragido em 120 países sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia — assentiu com a proposta trumpista.

Turquia, Jordânia e Egito, além de diversos países europeus, incluindo Reino Unido, França e Alemanha, rapidamente rechaçaram a ideia.

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