O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, pediu no domingo que Israel e o Hamas comecem a trabalhar na segunda fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, relata a Agência Anadolu.
“Ressaltamos a importância do comprometimento de todas as partes em implementar todos os termos do acordo de cessar-fogo em Gaza e iniciar a segunda fase (das negociações)”, disse ele em uma entrevista coletiva conjunta em Doha com o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan.
“Não deve haver concessões para se envolver nas negociações da segunda fase”, acrescentou.
Bin Abdulrahman disse que as negociações sobre a segunda fase do acordo de Gaza estavam programadas para começar na segunda-feira.
“(Mas) não há detalhes claros sobre a chegada das delegações e o início das negociações, e esperamos ver algum movimento nos próximos dias”, acrescentou.
O premiê do Catar enfatizou a importância do comprometimento de ambos os lados em se envolver de boa fé.
De acordo com a mídia israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiu adiar o envio de sua equipe de negociação para o Catar até que ele se encontre com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington na terça-feira.
Sobre a proposta de Trump de realocar os palestinos de Gaza, bin Abdulrahman reafirmou a firme rejeição do Catar a qualquer deslocamento forçado.
“Estamos nos envolvendo com o governo Trump e esperamos que não haja desentendimentos”, disse ele, enfatizando o comprometimento de seu país em garantir que os palestinos permaneçam em suas terras.
Durante uma reunião ministerial árabe no Cairo no sábado, bin Abdulrahman reiterou a forte oposição do Catar a qualquer tentativa de remover palestinos de Gaza à força.
Trump lançou a ideia pela primeira vez em 25 de janeiro, sugerindo que os palestinos em Gaza deveriam ser realocados para o Egito e a Jordânia. Sua proposta, no entanto, foi veementemente rejeitada pelo Cairo e Amã.
Em 19 de janeiro, a primeira fase de seis semanas do acordo de troca de prisioneiros e Gaza entre o Hamas e Israel entrou em vigor, durante a qual as negociações continuarão para as fases subsequentes do acordo. O acordo é mediado pelo Egito e Catar, com apoio dos EUA.
A guerra genocida de Israel matou mais de 47.400 palestinos, a maioria mulheres e crianças, e feriu mais de 111.500 desde 7 de outubro de 2023. Autoridades locais calculam mais de 61.709 palestinos, considerando os desaparecidos.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão em novembro do ano passado para Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
Israel também enfrenta um caso de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) por sua guerra no enclave.