Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Afegão-americanos temem por suas famílias após decreto de Trump

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina série de decretos executivos no Salão Oval da Casa Branca, em Washington DC, 20 de janeiro de 2025 [Anna Moneymaker/Getty Images]
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina série de decretos executivos no Salão Oval da Casa Branca, em Washington DC, 20 de janeiro de 2025 [Anna Moneymaker/Getty Images]

Um dos decretos executivos do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que suspende as admissões de refugiados no país, incitou temores entre afegãos-americanos sobre esforços de longa data de reunificação familiar.

À agência de notícias Reuters, um soldado afegão-americano confirmou temer pelo destino de sua irmã em Cabul, incluindo a possibilidade de que seja obrigada a se casar com um combatente do Talibã ou seja sequestrada em troca de resgate.

“Não consigo parar de pensar nisso”, disse o soldado, em condição de anonimato, a serviço da 82ª Divisão Aérea dos Estados Unidos. “Não consigo nem mesmo fazer o meu trabalho direito, porque isso está acabando com meu psicológico”.

Nesta quarta-feira (22), o Departamento de Estado, sob o novo secretário Marco Rubio, implementou a ordem, ao confirmar suspensão, por tempo indefinido, de todas as chegadas de refugiados, incluindo já agendadas e requerimentos em curso.

Segundo Shawn Van Diver, chefe da coalizão de veteranos Afghan Evac, quase 200 familiares de oficiais ativos do exército, aprovados para reassentamento, estão entre os 1.500 refugiados retirados das listas de passageiros dentre janeiro e abril, sob o decreto de Trump, assinado nesta segunda-feira.

A Afghan Evac advertiu que o grupo inclui crianças não acompanhadas e cidadãos em risco de retaliação do Talibã, por sua relação com o regime instaurado pela ocupação americana, destituído em agosto de 2021.

Conforme relatos compilados pela missão das Nações Unidas no Afeganistão, forças do Talibã, desde então, conduziram prisões, tortura e assassinato contra ex-oficiais do regime colaboracionista.

Entre julho e setembro, notou a missão, em relatório publicado em outubro, ao menos 24 pessoas foram presas arbitrariamente, para além de dez casos de tortura e maus tratos e cinco ex-soldados executados.

O Talibã promoveu uma “anistia geral” no país após ascender ao poder e desde então nega retaliações.

LEIA: Ministro do Talibã pede que escolas secundárias para meninas sejam abertas

Em relatório de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) corroborou que o Talibã baniu oficialmente casamentos à força, mas advertiu para receios de sua relatoria sobre a continuidade da prática por soldados, “sem consequências legais”.

Trump retornou à Casa Branca após vencer as eleições de novembro, sob promessas de reprimir incisivamente a imigração no país.

Seu decreto executivo, assinado junto a outras determinações supremacistas, horas após assumir o segundo mandato, alega que a suspensão das admissões de refugiados permanecerá em vigor até “se alinhar aos interesses dos Estados Unidos”.

Destino incerto

“A notícia é péssima”, comentou Fazel Roufi, também ex-oficial da 82ª Divisão Aérea. “Não apenas para minha família, mas todos os afegãos que nos ajudaram na missão. Que arriscaram suas vidas. Agora, estão sozinhos, com seu destino ao léu”.

Roufi chegou nos Estados Unidos com visto de estudante, obteve cidadania e se alistou no exército. Estava em Cabul, como consultor e tradutor, quando cenas caóticas tomaram o aeroporto e participou de resgate na embaixada americana e outros lugares.

Sua esposa voou recentemente a Doha, mediante assistência do Departamento de Estado americano. Agora no limbo, em uma base militar americana, estava esperando a tramitação de seu visto de asilo.

“Se devolverem minha esposa, eles [o Talibã] vão executá-la”, afirmou Roufi.

A primeira fonte — anônima — ecoou os receios, ao alertar que sua irmã e seu cunhado receberam ameaças de sequestro pela evacuação da família em 2021.

A ordem de Trump afeta também colaboradores iraquianos, explicou Kim Staffieri, diretora executiva da Associação de Aliados em Tempos de Guerra.

“Estão todos aterrorizados”, destacou Staffieri. “A ansiedade que estamos vendo nos lembra dos dias que antecederam agosto de 2021” — quando pânico tomou Cabul diante da súbita retirada das forças americanas.

Outro afegão, que imigrou como tradutor do exército e se juntou à Guarda Nacional do Texas após obter o green card, reportou que seus pais, suas duas irmãs e a família de seu irmão estavam previstos para voar a Dallas em fevereiro, já com acomodações.

“Não consigo expressar como me sinto”, observou a fonte, também anônima. “Não consigo comer. Não consigo dormir”

LEIA: Rússia decidiu remover o Talibã da lista de terroristas, relata a TASS

Categorias
AfeganistãoÁsia & AméricasNotícia
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments