Forças de Israel e da Autoridade Palestina (AP) conduziram separadamente, neste domingo (19), invasões às casas de duas palestinas em custódia da ocupação, na cidade de Nablus, na Cisjordânia, para alertar suas famílias contra celebrações, diante de sua soltura sob o recente acordo de troca de prisioneiros entre Tel Aviv e Hamas.
Ambas estão previstas para serem libertadas na primeira fase do acordo, que entrou em vigor neste domingo (19) e prevê cessar-fogo em Gaza.
Segundo a rede Al-Araby Al-Jadeed, fontes locais confirmaram que tropas israelenses invadiram a casa da família de Abeer Muhammad Hamdan Ba’ara, na aldeia de Burqa, ao norte de Nablus. Um de seus parentes, em condição de anonimato, confirmou que os soldados proibiram comemorações, incluindo alto-falantes e fogos de artifício.
Israel prendeu Ba’ara, que vive com o marido, ao invadir a residência de sua família em 29 de setembro, ao mantê-la desde então sem julgamento ou sequer acusação — refém por definição.
Paralelamente, um contingente filiado aos serviços de segurança da AP invadiu a casa da família de Hanan Ammar Ma’alwani, também em Nablus, para proibi-los de exibir bandeiras do Hamas ou outros grupos de resistência. Segundo relato, a família foi pega de surpresa quando veículos blindados cercaram a casa.
Para a fonte, no entanto, “a questão dos prisioneiros deveria unir os palestinos — e não dividi-los. Saudamos a resistência, que conseguiu libertar nossas prisioneiras, independentemente de suas filiações políticas”.
Às vésperas do acordo em Gaza, sob especulação diante da gestão do enclave, a Autoridade Palestina, sediada em Ramallah, escalou ações repressivas contra esforços orgânicos de resistência — contudo, sob protestos populares.
Em Gaza, após 15 meses de genocídio, Israel deixou ao menos 48 mil mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
O cessar-fogo — embora visto com ceticismo diante de ameaças israelenses — deflagrou comemorações em toda a Palestina.
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