A promessa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a seus parceiros de coalisão de retomar a campanha militar em Gaza após a implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo viola de antemão os termos propostos, advertiram oficiais.
Segundo rádio militar Kan, oficiais israelenses próximos à matéria reiteraram nesta quinta-feira (16) que “toda e cada promessa de Netanyahu a seus parceiros políticos para reaver os combates após o primeiro estágio representa violação do acordo, ao possivelmente sabotar a primeira fase”.
Conforme relatos, os ministros israelenses Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) se reuniram previamente com Netanyahu para reivindicar a retomada dos bombardeios após a primeira fase, como condição para aceitar os termos.
Informações, no entanto, indicam que ambos votaram contrariamente ao acordo durante encontro do Gabinete de Segurança realizado nesta sexta-feira (17).
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O bloco parlamento do partido Sionismo Religioso, comandado por Smotrich, expressou em nota “forte oposição” ao acordo, ao ameaçar deixar a coalizão de governo caso Netanyahu ignorasse suas demandas.
Oficiais israelenses notaram que as promessas de Netanyahu a seus parceiros de extrema-direita “refletem, na prática, uma admissão de que Israel violará o acordo antes mesmo que entre em vigor”, neste domingo, 19 de janeiro.
Mais cedo, nesta semana, Ben-Gvir, chefe do partido supremacista Poder Judeu (Otzma Yehudit), convocou Smotrich a unir forças para obstruir o acordo. Para Ben-Gvir, conhecido por atos racistas, o acordo seria uma “rendição” ao Hamas.
O Catar anunciou o acordo na quarta-feira para dar fim aos 15 meses de ataques israelenses a Gaza, com previsão de troca de cerca de 1.900 presos políticos palestinos por 33 prisioneiros de guerra israelenses, segundo a imprensa local.
O anúncio antecede em pouco a troca na presidência dos Estados Unidos, do democrata Joe Biden ao republicano Donald Trump, que toma posse na segunda-feira (20).
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, como crime de punição coletiva e genocídio, desde outubro de 2023, deixando 46.800 mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
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As ações israelenses levaram o Estado colonial ao banco dos réus do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia de genocídio, registrada pela África do Sul e deferida em janeiro de 2024.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), corte-irmã que julga indivíduos, também em Haia, aprovou mandados de prisão, por crimes de guerra e lesa-humanidade, contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.