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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Belal Khaled transforma dor em resistência e arte na Faixa de Gaza

Artista palestino Belal Khaled produz caligrafia sobre uma bomba não-detonada lançada por Israel em Gaza [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

Desde 2007, Israel impõe um rigoroso bloqueio à Faixa de Gaza, limitando severamente o direito de ir e vir das pessoas e impedindo a circulação de bens, inclusive de ajuda humanitária. Nos últimos seis meses, a situação se deteriorou ainda mais com os intensos bombardeios e a restrição à ajuda humanitária, que, quando é fornecida, muitas vezes é lançada do céu, colocando em risco aqueles que tentam recuperar os pacotes no mar ou em telhados de prédios e casas que correm risco de desabar. Nesse cenário de total privação é possível haver qualquer forma de liberdade?

Belal Khaled se tornou conhecido por sua cobertura fotojornalística dos atuais massacres em Gaza. Infelizmente, o reconhecimento veio através da dor e do sofrimento humano que ele documentou e não pela expressão que usou para emitir sua mensagem ao mundo. Khaled é um artista cujos imensos murais trazem beleza a quem os pode vislumbrar desde Bélgica, Catar, Sudão, Somália, Zimbábue, Líbano, Jordânia, Egito e muitos outros países ao redor do mundo, mas o mais belo é o poder de transformações que tais murais adquirem em sua própria terra: a Palestina.

Na Faixa de Gaza, assim como todos os outros palestinos, o artista aguarda sua vez em uma sentença de morte deferida a todos. Entretanto, não espera inerte. Khaled transforma o sofrimento de seu povo e a brutalidade dos massacres cometidos por Israel em expressões artísticas e em fonte de resistência coletiva. Em meio ao confinamento e à ameaça de extermínio, Khaled expressa seus sentimentos ao pintar mísseis e bombas israelenses despejados em Gaza que, por sorte, não explodiram.

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Em sua terra, Khaled trocou os imensos murais do mundo pelas montanhas de pedra e ferro retorcido. Nos últimos seis meses, o artista e fotojornalista ainda encontrou tempo para ensinar e alegrar as crianças da região, ao encorajá-las a colaborar com ele para pintar as mais belas caligrafias sobre os destroços que um dia chamaram de lar.

A liberdade de expressão é um direito fundamental protegido pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Apesar das tentativas de Israel de suprimir todas as formas de liberdade dos palestinos, o artista encontra força para transformar escombros em obras de arte que carregam mensagens mais poderosas que as bombas sobre sua cabeça, inspirando aqueles que permanecem de pé a retirar a força de suas próprias ruínas.

A expressão é uma manifestação formada por meio de signos, podendo assumir aspectos emocionais, simbólicos ou alegóricos. Enquanto somos confrontados diariamente com a expressão dolorosa dos palestinos, seja através do choro de dor das crianças, do lamento das mães ou dos gritos dos pais em busca de suas famílias entre destroços, Belal Khaled, como artista, transforma a dor e o sofrimento que também são seus em arte, reforçando ainda mais as mensagens emocionais, simbólicas e alegóricas de tamanho massacre.

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A arte é um universo em constante movimento, cheio de imaginação, simbolismo e significados. Ela não apenas reflete a realidade, mas também a recria ou ressignifica, oferecendo-nos novas maneiras de ver e entender o mundo ao nosso redor. Da mesma forma que artistas como Caravaggio, Van Gogh e Frida Kahlo usaram sua arte como meio de expressão e cura, Belal Khaled segue esse caminho de forma coletiva, retirando dos escombros toda a força que reside nos seios palestinos, tanto nos vivos quanto nos mortos.

Preso pela ocupação israelense na Faixa de Gaza, Khaled enfrenta diariamente a iminência da morte enquanto tenta sobreviver às constantes ameaças. Mesmo assim, persiste, ora capturando imagens da realidade que seus olhos testemunham através das lentes de sua câmera, ora pintando as mais belas caligrafias árabes sobre os cenários mais desoladores. Sua arte não é apenas um testemunho de compaixão para com seu povo, mas também uma convocação à ação para aqueles que a observam à distância. Para o agressor, a arte que Belal Khaled expressa representa o poder inato dos palestinos, cuja resistência transcende a força da ocupação. Dessa forma, podemos responder à pergunta inicial: Se há uma forma de ser livre em um ambiente onde a força da ocupação tenta privar toda forma de liberdade, é desafiar a ocupação sendo livre em suas próprias mentes e espíritos, como faz o artista Belal Khaled — algo que Israel jamais será capaz de extinguir.

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