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‘Faria o mesmo, mas tem que acabar a guerra’, afirma Trump sobre Israel

Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa no evento America First (América em Primeiro Lugar), realizado pelo instituto homônimo em Washington, em 26 de julho de 2022 [Kyle Mazza/Agência Anadolu]

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano ao cargo, Donald Trump, disse que reagiria da mesma maneira que Israel após os ataques do grupo palestino Hamas em 7 de outubro, mas admitiu que o país está perdendo apoio internacional e deveria, portanto, dar fim à guerra em Gaza.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Para Trump, a campanha do Hamas no chamado envelope de Gaza, no sul do território considerado Israel — ocupado durante a Nakba, ou “catástrofe” palestina, em 1948, mediante limpeza étnica — foi “uma das coisas mais tristes que já vi na vida”.

“Dito isso, tem que encerrar a guerra. Tem que acabar com isso, terminar o trabalho”, argumentou o ex-presidente, em entrevista ao jornal israelense Israel Hayom publicada nesta segunda-feira (25), com vídeo compartilhado em seu website.

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“Mas Israel tem de ter muito cuidado. Vocês estão perdendo muita gente, muito apoio, tem de acabar com isso”, acrescentou Trump de sua mansão em Mar-a-Lago, no estado da Flórida. “Tem que ter paz e vida normal para Israel e todo o resto”.

Trump acusou seu sucessor na presidência e adversário eleitoral, Joe Biden, pela crise regional: “Ele não consegue falar. É uma pessoa burra. Sua política externa de 50 anos é horrível. As pessoas no governo dele, elas dizem que ele é fraco, ineficaz. Eles [o Hamas] nunca teria feito o que fez se fosse comigo”.

Trump é reconhecido por seu apoio a Israel, mas insiste em uma política populista de “America First” — ou “América em primeiro lugar” —, segundo a qual os Estados Unidos têm de reduzir os gastos no exterior e se concentrar em questões internas.

O genocídio em Gaza ganhou destaque nas eleições polarizadas nos Estados Unidos, marcadas para novembro, com ambos os candidatos alinhados a Israel. Eleitores progressistas — fundamentais ao triunfo de Biden em 2020 — citam o apoio ao genocídio como justificativa para se abster do voto.

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Recentemente, Biden — caindo nas pesquisas — decidiu ligeiramente subir o tom a Israel, ao reivindicar maior moderação e fluxo humanitário; contudo, sem aval. Na última semana, Washington chegou a propor um cessar-fogo no Conselho de Segurança, vetado por Rússia e China e aprovado com emendas dias depois, sob abstenção americana.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi previamente à televisão americana criticar Biden e cancelou a viagem de uma delegação de seu governo a Washington, como forma de protesto à ausência de veto no Conselho de Segurança.

A insistência israelense em invadir a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga 1,5 milhão de refugiados, somou atritos sem precedentes entre os aliados.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 32.333 palestinos mortos e 74.694 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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