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Após primeiras fatalidades no Mar Vermelho, Índia evacua embarcação

Apoiadores do grupo houthi em Sanaa, capital do Iêmen, 16 de fevereiro de 2024 [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]

A Marinha da Índia evacuou todos os 20 tripulantes de um barco atingido por um míssil lançado pelo grupo houthi no Mar Vermelho, nesta quinta-feira (7), após a campanha iemenita culminar em suas primeiras fatalidades, reportou a agência de notícias Reuters.

O movimento ligado a Teerã disparou um foguete contra o barco True Confidence, operado pela Grécia, com bandeira de Barbados, a cerca de 50 milhas náuticas do porto de Aden, no Iêmen, deflagrando um incêndio na embarcação.

Em nota, os proprietários e gestores do navio disseram que os 20 tripulantes e três seguranças a bordo foram levados a um hospital de Djibouti, na região do Chifre da África.

Três pessoas faleceram: dois cidadãos filipinos e um vietnamita. Outros dois filipinos sofreram ferimentos graves.

O Vietnã rechaçou o ataque, mas confirmou que três outros cidadãos do país presentes a bordo estão em boa saúde.

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Conforme imagens divulgadas pela Marinha indiana, um helicóptero resgatou tripulantes de um bote salva-vidas, para então transferi-los a uma instalação naval.

“A embarcação continua à deriva, se distanciando da terra; arranjos de resgate estão em curso”, declararam as empresas responsáveis em comunicado; contudo, sem detalhes.

Os houthis mantêm um embargo desde novembro em suas águas territoriais no Mar Vermelho contra navios com destino ou origem a Israel, como forma de apoio aos palestinos de Gaza, sob campanha genocida do Estado ocupante.

As forças iemenitas costumam emitir alertas às tripulações para que não passem por suas águas territoriais, antes de disparar tiros de aviso e apreender as embarcações. No entanto, desta vez, incorreu em óbito.

“Mortos e feridos entre marinheiros civis é algo completamente inaceitável”, comentaram nesta quinta-feira as associações globais de navegação em nota conjunta; no entanto, sem mencionar a conjuntura em Gaza e os sucessivos massacres contra civis.

“A frequência dos ataques contra navios mercantis”, acrescentou a nota, “dão ênfase à demanda urgente para que todos os interessados tomem ações decisivas para salvaguardar a vida e por um fim a essas ameaças”.

As empresas, todavia, junto a governos ocidentais — incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros — parecem apreensivas, em particular, pelo aumento no custo das viagens comerciais, à medida que o seguro de uma viagem de sete dias no Mar Vermelho subiu centenas de milhares de dólares desde novembro.

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Seguros relacionados à guerra refletiram o naufrágio do navio de carga Rubymar, após ser atingido por um foguete houthi em 18 de fevereiro. As primeiras fatalidades devem causar nova carestia, observou Munro Anderson, especialista em seguros navais.

“O grau sobre o qual se cria nova pressão ascendente deve ser limitado a curto prazo”, alegou Anderson. “Contudo, isso será visto na maneira como transcorrem os eventos daqui em diante”.

 Segurança no mar

 Os houthis utilizam uma série de armas sofisticadas, entre as quais mísseis balísticos e “drones kamikazes”, apesar de bombardeios retaliatórios anglo-americanos contra o Iêmen.

Stephen Cotton, secretário-geral da Federação Internacional dos Trabalhadores de Transportes, reivindicou maior proteção.

“Nenhum prazo vale a vida de nossos marinheiros”, apontou o sindicalista. “Pedimos à indústria que desvie seus navios ao Cabo da Boa Esperança, até que se consolide uma rota segura através do Mar Vermelho”.

Cerca de 23 mil navios passam anualmente pelo estreito de Bab al-Mandab, que conecta o Mar Vermelho e o Golfo de Aden ao Canal de Suez. Trata-se de ao menos 12% do comércio global. A rota ao redor do continente africano adiciona dez dias à jornada, além de custos de logística.

Conforme os proprietários, o True Confidence navegava da China a Jeddah, na Arábia Saudita, e Aqaba, na Jordânia, com uma carga de caminhões e produtos de metalurgia. Os proprietários do navio insistem não ter relação com Estados Unidos ou Israel.

Todavia, denúncias apontam que a monarquia na Jordânia abriu seu território como alternativa de comércio a Israel — bastante afetado pelo embargo iemenita, pela economia de guerra e por sanções e boicotes que se acumularam nos últimos cinco meses.

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A resposta armada de aliados israelenses ao Iêmen — próximo do Irã e, portanto, da Rússia — incitam receios de propagação da guerra.

Israel conduz ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30 mil mortos, 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados. A ocupação impõe ainda um cerco absoluto à população civil — sem comida, água, remédios ou combustível. Ao menos 16 crianças morreram de fome.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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