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Israel: 150 dias de crimes contra a humanidade

Palestinos mortos por um ataque israelense à casa da família Batran, no campo de refugiados de Nuseirat, no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, em 4 de março de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]
Palestinos mortos por um ataque israelense à casa da família Batran, no campo de refugiados de Nuseirat, no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, em 4 de março de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

O massacre das forças de Israel contra a Faixa de Gaza sitiada, e com extensões na Cisjordânia ocupada, completa 150 dias. São dias infindáveis e aterrorizantes, com mortes, mutilações, desaparecimentos e deslocamento forçado de dois milhões de palestinos — dentre eles, 750 mil crianças e ao menos 50 mil mulheres grávidas. Um holocausto que nestes 150 dias provocou a morte de 40 mil pessoas, se somados aos desaparecidos sob os escombros. E não menos que 80 mil feridos e mutilados, cuja grande maioria são mulheres e crianças!

Mulheres, crianças e idosos representam 72,8% dos mortos, todos eles civis e desarmados, teoricamente protegidos pelas convenções internacionais que regulam as guerras. Mas como se sabe, o Estado colonial sionista não respeita nem cumpre NENHUMA lei internacional.

Penso ser necessário trazer números comparativos do holocausto sionista nestes 150 dias, incluindo uma aberração que ficou conhecida como “Massacre da Farinha”, um dos maiores crimes de guerra da história, no qual 112 palestinos famintos foram fuzilados a sangue frio na rua Harun al-Rashid, no norte de Gaza, por terroristas sádicos do exército nazista de Israel, enquanto retiravam caixas de farinha e comida enlatada dos caminhões de ajuda humanitária.

Dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) e do Ministério da Saúde da Palestina mostram que, caso a carnificina conduzida por Israel ocorresse em escala global, teríamos algo em torno de 137 milhões de mortos! No Brasil, seriam quase 3,5 milhões de mortos, mais do que toda população do Distrito Federal, com um total de 27 mil mortos todos os dias!

Segundo dados da organização Save The Children, considerando todas as guerras entre 2019 e 2022, morreu uma criança por milhão de habitantes. Em Gaza, no entanto, durante o genocídio israelense, foram assinadas 7.600 crianças para cada um milhão de habitantes. Ou seja, Israel assassina 7.600 vezes mais crianças palestinas do que qualquer outra guerra no mundo! E mais: Israel assassinou em Gaza, no mínimo, 236 vezes mais crianças que na Segunda Guerra Mundial

Nesse contexto hediondo, lembramos os 124 jornalistas assassinados — quase um por dia! São ainda 340 profissionais de saúde, 246 professores e funcionários de escolas, 152 funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) e 46 trabalhadores da Defesa Civil, somados às vítimas.

Em meio aos reiterados crimes hediondos contra a humanidade, o debate que tem prevalecido na mídia não é sobre a urgência de um cessar fogo que estanque a carnificina dos nazi-sionistas em Gaza, ou dos mecanismos que levem Israel ao banco dos réus do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, com a eventual condenação ao enforcamento do chefe da gangue, Benjamin Netanyahu.

Ao contrário, a mídia se dedica a debater se é correta ou se é “antissemita” a comparação feita pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, com o holocausto nazista contra judeus e outras populações durante a Segunda Guerra na Europa. Uma imprensa coadjuvante e responsável pela propagação de mentiras que beneficiam Israel junto ao senso comum — sem jamais considerar, no entanto, que o Estado sionista é uma força ocupante, portanto, sem o chamado direito à autodefesa.

É ainda deplorável ver Israel atacando a população de Gaza com o caráter de Estado, enquanto se defende perante a opinião pública como representante de toda uma religião. Sionistas se apropriaram do termo “semita” e usam o pretenso “antissemitismo” de forma desavergonhada, para intimidar e difamar críticos de seus crimes, quando, na verdade, prevalece uma clara distinção entre o racismo antijudaico, por um lado, e as críticas legítimas às políticas degradantes, opressivas e genocidas de Israel contra o povo palestino.

É preciso dizer mais uma vez que semitas não são apenas os judeus israelenses — um gentílico criado em 1948 e que não guarda laços com os israelitas dos livros sagrados —, mas todos os hebreus, árabes, assírios e outros povos originários do norte da Península Arábica. Membros das três grandes religiões monoteístas – judeus, cristãos e muçulmanos — possuem igualmente, portanto, raízes semitas.

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A guerra genocida de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza, com o apoio dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países europeus, além da cumplicidade dos governos árabes, não conseguiu nem será capaz de alcançar nenhum dos seus objetivos agressivos, sobretudo o de aniquilar a resistência palestina.

As únicas conquistas que Israel pode ostentar nestes 150 dias de massacre contra os palestinos são crimes de lesa-humanidade, genocídio, assassinato em massa de crianças e mulheres, uso da fome como arma de guerra, destruição de infraestrutura e a eliminação de todos os aspectos da vida comum na Faixa de Gaza.

O tempo e a luta persistente da heroica resistência palestina demonstra que Israel já perdeu a batalha política, militar e na opinião pública global, através do evidente crescimento da impopularidade do Estado sionista em todo o planeta.

O nazismo, que inspira o sionismo israelense, durou seis anos na Europa e foi derrotado. Na Palestina, o sionismo e seu projeto colonial supremacista dura 76 longos anos e será certamente derrotado, porque o holocausto do povo palestino perpetrado pelo Estado de Israel não pode, de modo algum, se firmar como o modelo nefasto de colonialismo, opressão e extermínio de toda uma população.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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