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Eleitores de Michigan prometem abstenção, campanha de Biden sofre impacto por Israel

Colégio eleitoral realiza primárias republicanas e democratas em Dearborn, no estado de Michigan, nos Estados Unidos, em 27 de fevereiro de 2024 [Mostafa Bassim/Agência Anadolu]

A campanha do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, busca dobrar esforços para recuperar eleitores, após se registrar a erosão do apoio ao governo democrata devido a sua cumplicidade com o genocídio israelense perpetrado em Gaza.

No estado de Michigan — considerado crucial ao pleito —, eleitores superaram expectativas ao se abster nas primárias.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Cerca de 13.2% dos democratas de Michigan registraram seu voto como “não compromissado”, após semanas de esforços de ativistas para demonstrar sua indignação nas urnas, reportou uma pesquisa do Instituto Edison divulgada na manhã desta quarta-feira (27).

Com 85% dos votos apurados, a promessa de abstenção já excedeu 100 mil eleitores — número muito maior do que o esperado. A crise se soma ao comparecimento nas primárias, com quase 900 mil eleitores no total, entre a indicação de Biden e o voto de protesto.

A campanha do incumbente democrata continuará a “promover sua causa no estado, tanto aos eleitores não-comprometidos quanto à totalidade dos votos em Michigan”, alegou um assessor diante das pesquisas.

“O presidente continuará seu trabalho pela paz no Oriente Médio”, acrescentou.

O firme apoio de Biden a Israel durante seus cinco meses de genocídio a Gaza deflagrou cisões entre o tradicional eleitorado democrata e núcleos progressistas, sobretudo entre os jovens. Em Michigan, o efeito é particularmente notável devido a sua grande comunidade árabe.

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Eleitores democratas reivindicam de Biden que pressione por um cessar-fogo permanente em Gaza; contudo, sem aval. O presidente de fato promoveu e mesmo contornou o congresso para enviar armas a Israel, além de difundir desinformação e propaganda de guerra.

Biden venceu Michigan em 2020 por apenas 3% dos votos. Seu oponente, o republicano Donald Trump aparece atualmente na frente das pesquisas.

Sem medo de perder votos

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Desde então, são 30 mil mortos em Gaza, 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados — em grande maioria, mulheres e crianças.

Diante da crise interna que assola a reeleição de Biden, oficiais do partido Democrata no estado de Michigan prometeram maiores esforços para conquistar os votos da população.

“Amanhã é o primeiro dia da eleição geral”, declarou Garlin Gilchrist, vice-governador do estado durante evento na noite de terça-feira (27). “Não temos medo da democracia. Não temos medo dos eleitores. Não temos medo daqueles que falam com boa fé e consciência porque, sabemos, têm boas intenções”.

Mike Frosolone, diretor da campanha democrata em Michigan, prometeu realizar telefonemas, bater nas portas e estabelecer uma série de escritórios em todo estado.

“Quando os eleitores compararem os históricos de Biden e Trump, certamente escolherão o presidente”, insistiu Frosolone, ao prometer que Biden abordará o assunto em seu discurso do Estado da União realizado diante do Congresso em 7 de março.

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Biden, de 81 anos, enfrenta recordes de rejeição, somados à apreensão sobre sua idade. Trump, de 77 anos, por sua vez, recebeu ordens da justiça para indenizar o Estado em US$450 milhões por fraudes referentes a sua fortuna, além de outros quatro casos de indiciamento penal.

Ambos devem ser os candidatos mais velhos a concorrer à Casa Branca, superando seu próprio recorde estabelecido há quatro anos. Ambos mostram também firme apoio a Israel.

Em torno de 35% dos eleitores republicanos apoiaram Nikki Haley, ex-governadora do estado da Carolina do Sul, nas primárias contra Trump.

Uma pesquisa da Reuters/IPSOS revelou na terça-feira que a principal apreensão dos eleitores à véspera do pleito presidencial se refere ao “extremismo”, superando “economia” e “imigração”.

Biden insiste em diferenciar-se de Trump em questões como aborto, saúde e economia; porém se recusa a mencionar Gaza. A vice-presidente Kamala Harris corroborou Biden, ao citar questões como acesso ao voto, posse de armas e direitos reprodutivos — novamente sem abordar o genocídio em Gaza.

Não obstante, foi no atual mandato de Biden que a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou o direito universal ao aborto. Biden tampouco avançou em promessas de saúde pública, ensino universitário e redução da inflação.

O coletivo Listen to Michigan, que organizou a campanha por abstenção, prometeu manter sua pressão sobre o partido democrata. “Nossa delegação planeja impor ao candidato nossa agenda antiguerra, durante a Convenção Nacional Democrata na cidade de Chicago”.

“Veremos todos lá”, acrescentou em comunicado.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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