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Parlamento israelense nega reconhecimento do Estado palestino

Parlamento israelense (Knesset) em Jerusalém ocupada [Noam Moskowitz/Agência Anadolu]

O parlamento israelense (Knesset) votou nesta quarta-feira (21) em apoio a uma determinação do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para rechaçar qualquer reconhecimento “unilateral” de um Estado palestino, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

No domingo (18), o gabinete de Netanyahu emitiu uma declaração neste sentido, preconizando rejeição à chamada “solução de dois Estados” — promovida persistentemente pela comunidade internacional, apesar da negativa israelense de negociar a matéria.

Noventa e nove deputados, das 120 vagas no Knesset, votaram a favor da medida. Apenas nove deputados votariam contrariamente.

Netanyahu celebrou a vitória, ao dizer não se lembrar de tamanha maioria em uma votação no Knesset. Para o premiê, trata-se de uma “mensagem clara à comunidade internacional”, em um momento no qual seu regime é pressionado a desescalar a crise detonada por seu genocídio em Gaza.

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Para Netanyahu, trata-se, não obstante, de um “Knesset unido contra tentativas de ditar-nos o estabelecimento de um Estado palestino, algo que não apenas não traz paz como ameaça [sic] o Estado de Israel”.

A declaração de Netanyahu contradiz apelos da União Europeia e da União Africana, no começo desta semana, e desafia o tom mais contundente adotado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Etiópia como convidado de honra do bloco regional.

Nesta semana, a União Europeia aprovou unanimemente — salvo Hungria — um apelo por cessar-fogo em Gaza, ao reiterar seu compromisso com a “solução de dois Estados”. A União Africana, por sua vez, decidiu revogar o status de membro observador do Estado de Israel.

Na semana passada, o jornal The Washington Post reportou que Estados Unidos e países árabes estariam finalizando um “plano de paz” de longo prazo, incluindo um cronograma para instaurar enfim um Estado palestino.

Israel ocupou Gaza, Cisjordânia e Jerusalém em 1967 e anexou inteiramente a cidade santa em 1980, ao caracterizá-la como sua capital “eterna e indivisível”. A medida jamais foi reconhecida pela comunidade internacional.

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Os palestinos, de sua parte, demandam um Estado próprio, independente e soberano com sua capital em Jerusalém Oriental, conforme os direitos do povo nativo.

A crise regional atingiu níveis sem precedentes após Israel deflagrar seu genocídio a Gaza, como retaliação a uma operação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados em 7 de outubro. Segundo as estimativas israelenses, ao menos 1.200 pessoas foram mortas na ocasião; o índice, no entanto, é contestado por reportagens investigativas do Haaretz que mostram alta letalidade por “fogo amigo”, sob ordens militares para executar os reféns.

A ofensiva israelense contra o povo palestino em Gaza levou 85% da população — cerca de dois milhões de pessoas — ao deslocamento, presas em um pequeno gueto na cidade de Rafah, no extremo sul do enclave, na fronteira com o Egito. Declarações de lideranças do Estado ocupante corroboram intenção de limpeza étnica para anexar o território à força.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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