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‘Punição coletiva’: Rússia pede investigação sobre acusações de Israel a UNRWA

Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, durante sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, Estados Unidos, 22 de janeiro de 2024 [Ministério de Relações Exteriores da Rússia/Agência Anadolu]

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, reiterou que é preciso investigar as alegações da ocupação israelense a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) antes de incorrer na suspensão de recursos à instituição, responsável por prestar serviços essenciais aos palestinos carentes.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Durante coletiva de imprensa em Moscou, após se reunir com o chanceler gambiano, Mamadou Tangara, Lavrov alertou que ocorre em Gaza consiste em “punição coletiva, proibida pelo direito humanitário internacional”.

“Se há mesmo tais acusações, temos de esclarecê-las”, comentou Lavrov. “Desde o primeiro dia, condenamos os ataques terroristas de 7 de outubro [sic] e reafirmamos que é preciso combater o terrorismo [sic] em todas as suas manifestações, por meios que não violem a lei internacional. O que aconteceu e continua acontecendo [na Faixa de Gaza sitiada] é punição coletiva, proibida pelo direito humanitário internacional”.

Segundo Lavrov, as alegações de Israel só podem ser confirmadas por meio de uma investigação independente. “No entanto, caso não haja inquérito e, ainda assim, haja punição coletiva contra a UNRWA e aqueles que dependem de sua assistência, creio se tratar da decisão errada. Espero que a gestão da ONU trate da matéria junto dos emissários israelenses”.

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Na sexta-feira, o Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, ordenou “ação imediata e efetiva para garantir a provisão de assistência humanitária aos civis de Gaza”.

Na sexta-feira (26), Israel difundiu alegações de envolvimento de 12 funcionários da UNRWA — de um contingente de 30 mil profissionais — na operação transfronteiriça do grupo Hamas de 7 de outubro, que incorreu na captura de colonos e soldados.

A medida é retaliação a uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, favorável a uma denúncia sul-africana de que Israel comete genocídio em Gaza. A corte assumiu “plausibilidade” do caso e deve seguir com as investigações.

Além disso, os juízes ordenaram a Israel “ações imediatas e efetivas para garantir a provisão de assistência humanitária aos civis de Gaza”.

O governo israelense não deu detalhes, tampouco provas de suas acusações.

Ainda assim, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Canadá, Austrália, Reino Unido, Holanda, França, Áustria e Japão anunciaram a interrupção de todas as remessas financeiras à instituição humanitária da ONU.

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Noruega, Espanha, Irlanda, Escócia, Dinamarca e Bélgica mantiveram os recursos.

A UNRWA prontamente abriu um inquérito e revogou os contratos dos suspeitos.

Em Gaza, 152 funcionários da UNRWA foram mortos por Israel e 145 instalações da organização sofreram danos devido aos bombardeios.

A UNRWA é a maior agência humanitária a operar em Gaza; no contexto atual, não há acesso de outras entidades.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26 mil mortos e 65 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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