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Família com fome consegue farinha em Gaza; horas depois, é morta por Israel

Palestinos buscam comida em postos de doação em Rafah, no sul de Gaza, em 26 de janeiro de 2024 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

Omar Selma, pai de seis filhos, com 38 anos de idade, lutou bastante para obter um pacote de farinha de um comboio humanitário que enfim chegou ao norte de Gaza, área devastada pelos bombardeios de Israel.

A família não teve acesso a pão por três semanas, devido ao cerco israelense. Porém, poucas horas depois de chegar a farinha, todos foram mortos pelas forças de Israel.

“Este pai cuidadoso ia todo dia a um checkpoint israelense ao sul da Cidade de Gaza para obter algum socorro a sua família, desde 7 de janeiro — a última vez que sua família comeu pão, conforme o que me disse”, relatou seu pai, Abu Omar (68), ao MEMO.

“Na noite de sábado (27), ele voltou para a casa com um brilho em seu rosto e, sorrindo, me disse: Enfim, amanhã, meus filhos vão poder comer pão”, acrescentou o pai e avô. “Quando eu perguntei como, ele me disse ter conseguido 25 kg de farinha!”

“Ele me prometeu trazer pão, mas foi morto junto com a esposa e filhos naquela noite, um dia antes de poder cozinhar ou poder comer um pedaço de pão”.

Apontando aos corpos das crianças mortas, o vizinho de Omar, Ali, perguntou: “São esses os alvos de Netanyahu [primeiro-ministro de Israel]?”

“Estavam todos felizes com a farinha que ele conseguiu no dia anterior, mas posso jurar que Omar e seus filhos foram mortos ainda com fome”, reiterou.

LEIA: Bloqueio de alimentos para Gaza terá um impacto duradouro na saúde das crianças, alerta a Save the Children

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26.422 palestinos mortos e 65.087 feridos — em maioria, mulheres e crianças. Cerca de 85% da população de Gaza — dois milhões de pessoas — foram deslocadas pelos bombardeios, sob a destruição de 60% da infraestrutura civil, segundo as Nações Unidas.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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