Em 13 de dezembro de 2023, faleceu em Salvador, aos 70 anos, uma das principais referências do movimento negro e sindical da Bahia, Luiz Alberto (PT-BA), deputado federal por cinco mandatos.
Luiz Alberto, natural de Maragogipe, no Recôncavo baiano, era também membro do Fórum Latino-Palestino e do Grupo Interparlamentar para Jerusalém.
Nos anos 1970, foi aprovado em um concurso na Petrobras e, nos anos seguintes, ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT), único partido em que militou durante sua trajetória política.
Foi ainda um dos fundadores e líderes do Movimento Negro Unificado (MNU) da Bahia.
“Com muita tristeza, informamos o falecimento de Luiz Alberto, cofundador do MNU Bahia e militante histórico da luta antirracista, com reconhecimento internacional”, declarou a coordenação baiana e paulista da organização antirracista.
“Luiz é ancestral e seu legado é parte importante da construção da nossa entidade e seguirá de referência as próximas gerações da militância negra no país”, acrescentou.
Luiz Alberto foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2002 e reeleito em 2006 e 2010. Entre 2007 e 2008, serviu como secretário de Promoção da Igualdade Racial na Bahia no governo de Jaques Wagner.
Na Câmara, teve uma atuação voltada para combate ao racismo e defesa dos trabalhadores. Luiz Alberto foi autor de um projeto de lei que transformava o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, em feriado nacional. A proposta, no entanto, foi arquivada em 2009.
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Também foi autor do projeto de lei que incluiu no Livro dos Heróis da Pátria os nomes de João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luis das Virgens, líderes da Revolta dos Búzios, movimento também conhecido como Conjuração baiana ou Revolta dos Alfaiates.
O deputado ainda foi um dos criadores da Frente Parlamentar pela Defesa da Igualdade Racial, que uniu deputados e senadores em torno de temas antirracistas.
Nos últimos anos, Luiz Alberto atuava como assessor da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia.
Nas redes sociais, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), lamentou o falecimento do ex-deputado: “Com pesar, recebemos a notícia do falecimento de um grande nome do movimento negro e que dedicou a vida à missão de tornar a Bahia mais igualitária. Luiz Alberto se vai, mas deixa um exemplo para todas e todos”.
A presença de Luiz Alberto nas fileiras da solidariedade palestina serve de testemunha à profunda conexão entre a luta antirracista do movimento negro no Brasil e do povo palestino, contra a ocupação militar, o colonialismo e o apartheid israelense na Palestina histórica.
Como disse Gizele Martins, comunicadora popular e ativista do Conjunto da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, que visitou a Palestina em julho passado junto ao MNU e outras entidades periféricas, negras e indígenas: “As mesmas armas que matam os palestinos são as armas que matam nas favelas do Brasil”.
Na ocasião do falecimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enalteceu o ex-deputado como uma grande liderança do movimento negro e “aguerrido lutador”: “Meus sentimentos aos familiares e amigos de Luiz Alberto, que ancestralizou.”
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