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Por que defender a Palestina é combater a extrema-direita no Brasil?

Ato em frente ao estádio do Pacaembu ao final da carreata pelo fim do massacre palestino, em São Paulo, 15 de maio de 2021 [Foto Lina Bakr]

Desde a partilha da Palestina com a resolução 181 da ONU em 1947 até os dias atuais, a causa Palestina é uma referência de resistência e inspiração para os povos oprimidos em todo mundo. A relação dos Black Panter’s ( Panteras Negras ) com a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) era notória. Para Jean Genet, militante anticolonial, antiracista, poeta e escritor, tanto os afro-americanos quanto os palestinos sofriam com a mesma opressão colonial.

No Brasil,  o Movimento Negro Unificado (MNU)  tem relações com a OLP desde a ditadura militar (1964-1985). Diante dessa conjuntura, a OLP em 1980 promoveu em São Paulo o encontro e a manifestação pública da organização no Teatro de resistência Ruth Escobar, porém os sionistas tentaram intimidar e silenciar vozes palestinas no ato, mas, graças à solidariedade e à força do recém fundando MNU, a garantia política do movimento e das falas foram exitosas. Além disso,  juntamente com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra,  a Central Única dos Trabalhadores e o Movimento dos Trabalhadores sem Teto, o MNU entregou uma carta ao Governo Brasileiro exigindo o fim dos acordos comerciais com Israel, principalmente de caráter bélico e de inteligência/tecnologia.

Portanto, por que defender a causa Palestina no Brasil é combater a Extrema-direita?

Elencado com as principais reivindicações do povo brasileiro, que são reformas profundas diante das estruturas de poder que atualmente estão com crise de representatividade popular, descrédito nas instituições e na justiça, a causa Palestina aponta, ainda mais forte na conjuntura atual, um norte de resistência a ser seguido. O povo oprimido no Brasil colocou Luís Inácio Lula da Silva com suas próprias mãos no poder, mesmo contra a máquina pública, o assédio dos patrões, as operações golpistas da PRF, porém a estrutura do Estado ainda está bolsonarizada. O chantagista da União, Arthur Lira, o faminto centrão e a força da Extrema-direita no Brasil fazem com que a tarefa de reconstruir o país seja mais difícil.

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As críticas duras do embaixador de Israel no Brasil ao Partido dos Trabalhadores, além do ferimento de protocolos diplomáticos atentando contra a soberania do país se reunindo com líderes da oposição no parlamento brasileiro, além do inelegível e investigado que promoveu o governo mais reacionário da história do Brasil até a redemocratização, Jair Bolsonaro, mostra a natureza perversa e anti-povo e o que  representa o sionismo em qualquer lugar.

Desumanizando os palestinos como se fossem ‘incivilizados’ demais para serem salvos – Cartoon [Sabaaneh/Monitor do Monitor do Oriente]

Diante disso, é um aceno ditatorial e imperialista de Israel, pois, ao se reunir com os golpistas que financiaram e agitaram os atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro de 2023, chantagea o governo brasileiro aos seus desejos perversos. Não é coincidência que golpistas e terroristas invadiram a sede dos poderes carregando bandeiras de Israel, é coerente até com suas ideologias.

Combater isso faz se necessário para sobrevivência de uma democracia popular. Como combatemos? Pedindo o fim da cooperação militar e tecnológica proposta no ano de 2019 pelo então governo genocida. Além do fim de relações diplomáticas com estado de apartheid Israelense, que apesar dos crimes contra palestinos e o genocídio em prática com mais de 70 dias de bombardeios, o agravante é o atentado contra a soberania brasileira .

O fim dos acordos militares e comerciais impactariam diretamente a relação de opressão do povo negro no Brasil e do povo indígena. Pois, as armas que são usadas nas periferias e as táticas militares são importadas do estado racista de Israel. As armas que matam o jovem negro no país são as mesmas que matam crianças e mulheres palestinas na Cisjordânia e em Gaza. Os equipamentos de inteligência, softwares, materiais de  empresas mineradoras são utilizados para invasão de terra indígena no Brasil e na Palestina. Além da segurança da democracia que esteve novamente danificada, que contou com inteligência e tecnologia israelense para o grampeamento de autoridades, ministros, servidores públicos de maneira ilegal por meio de funcionários da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).

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Independentemente de ideologia, 61% dos brasileiros não concordam com a violência  em Gaza promovido por Israel de acordo com a Genial Quaest. Diante desses números, a reivindicação de um cessar-fogo imediato, a autodeterminação do povo palestino e o fim da cooperação militar pode ser um caminho fértil que elenca na perspectiva de mobilização para pressionar o Governo e o parlamento em relação à desmilitarização da polícia e o fim da violência pública, em relação à reforma agrária, em relação à reforma política, dentre outras necessidades do povo brasileiro.

Consequentemente, denunciando e mostrando ao povo brasileiro quem apoia o genocídio do povo palestino e os intensos crimes contra humanidade são dos deputados e autoridades de extrema-direita.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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