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Israel bombardeia casa do poeta Ahmed Abu Artema, mata seu filho

Vista aérea das ruínas de Khan Yunis após bombardeio de Israel, em Gaza, 26 de outubro de 2023 [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

O poeta Ahmed Abu Artema, cuja postagem nas redes sociais inspirou os protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, em 2018, foi alvejado por um bombardeio israelense contra sua casa, em Tel al-Sultan, na região de Rafah, na Faixa de Gaza.

O ataque ocorreu em 24 de outubro.

Ahmed ficou gravemente ferido, com queimaduras de segundo grau. Segundo médicos, sua condição é estável. Contudo, perdeu dois irmãos, sua sogra e seu filho mais novo, Abdullah.

Sua casa está entre muitas estruturas civis destruídas nos últimos dias, apesar de Israel alegar que o sul de Gaza é uma “zona segura”, para onde a população do norte deveria migrar para escapar dos ataques. De fato, todo o enclave sofre bombardeios.

Neta Golan, cofundadora do Movimento Internacional de Solidariedade, comentou: “Nas semanas que antecederam o ataque, Ahmed usou sua voz para conclamar manifestações globais contra o genocídio israelense contra Gaza”.

“Foram as palavras de Ahmed, em 2018, que inspiraram milhares de palestinos a marchar desarmados rumo à cerca que faz de Gaza um gueto, para exigir seu direito de retorno às terras das quais foram expulsos”, declarou Golan. “A ocupação matou a família de Ahmed porque teme o poder de suas palavras”.

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Parte da campanha militar israelense alveja vozes influentes no cenário nacional, regional e internacional, matando suas famílias, como é o caso de Wael Al-Dahdouh, repórter da rede de notícias Al Jazeera, que perdeu esposa, filhos e neto.

O massacre em curso na Faixa de Gaza é retaliação à chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa, ação de resistência do grupo Hamas que cruzou a fronteira por terra e capturou colonos e soldados, em 7 de outubro deste ano.

A ação decorreu de recordes de escalada colonial em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada, além de 17 anos de cerco militar a Gaza. Os ataques israelenses desde então equivalem a punição coletiva, genocídio e crime de guerra.

Ao promover o cerco absoluto a Gaza — sem luz, sem água, sem comida —, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.

Ao menos 7.326 pessoas — dentre as quais, quase três mil crianças — foram mortas por Israel até então, além de mais de 18 mil feridos. Outros milhares estão desaparecidos — provavelmente mortos — sob os escombros. São 24 jornalistas mortos.

Em áudio gravado dias antes do ataque, explicou Ahmed: “Nada disso começou em 7 de outubro. Infelizmente, o mundo é cego à dor dos palestinos há décadas. Apenas quando Israel perdeu pessoas, o mundo externo decidiu prestar atenção”.

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“O que ocorre hoje em Gaza é o mesmo que Israel fez em 1948”, prosseguiu em alusão à Nakba ou “catástrofe”, como os palestinos nativos chamam a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica planejada e expulsão de 800 mil pessoas de suas terras.

“Como todos podemos ver na televisão e na internet, a vasta maioria dos alvos em Gaza são civis: bairros, hospitais, igrejas e mesquitas”, concluiu Ahmed.

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