Safwat Kahlout, correspondente da rede de notícias Al Jazeera no norte de Gaza, informou que as pessoas no pequeno enclave palestino estão “em pânico” por causa do blecaute em todos os meios de comunicação do território sitiado, sob escalada nos bombardeios.
“As pessoas estão com muito, muito medo. As pessoas estão em pânico — sem conseguir se comunicar com outras que também foram deslocadas”, declarou Khalout.
“As pessoas costumavam falar umas com as outras após cada um dos ataques israelenses”, prosseguiu. “Estão todos preocupadíssimos com seus entes queridos. Não podem receber telefonemas para serem informados de explosões ou incidentes”.
“Vemos imagens de pessoas carregando umas às outras nos braços, correndo aos hospitais porque não conseguem chamar uma ambulância”.
Jornalistas em campo temem ficar sem contato com o mundo externo nas próximas horas.
Pouco antes de cair o contato, correspondentes da Al Jazeera reportaram explosões nos arredores do hospital al-Shifa, maior complexo médico de Gaza, na cidade homônima. A instalação abriga milhares de pacientes, jornalistas e mais de 40 mil civis deslocados que buscaram refúgio após Israel bombardear suas casas.
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O blecaute quase absoluto significa que a maioria dos 2.4 milhões de residentes de Gaza
estão sem qualquer acesso a serviços emergenciais, tampouco podem contar ao mundo
sobre o que está acontecendo, em meio a uma iminente madrugada de terror.
Diversas instituições humanitárias e internacionais perderam contato com suas equipes em campo, entre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — ambas agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre outras organizações agora incomunicáveis estão a Sociedade do Crescente Vermelho, a ong Médicos Sem Fronteiras (MSF), a American Friends Service Committee, a Medical Aid for Palestinians e a Action Aid.
O Comitê de Proteção aos Jornalistas declarou “profundo alarde” pela situação, ao alertar para “graves consequências”, incluindo desinformação. “Um blecaute nas comunicações é um blecaute no noticiário”, reafirmou.
Gaza está sob bombardeios israelenses há 21 dias. Enormes explosões foram confirmadas perto de hospitais e áreas civis; disparos de aviões de guerra cortam a escuridão da noite, sob um barulho ensurdecedor.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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